Diretor William firma carreira entre teatro e árias

O diretor William Pereira se distancia de uma tendência seguida por colegas de profissão. "Não aguento essa babaquice do teatro não dramático", diz, em referência aos experimentos de linguagem conduzidos nos últimos tempos por boa parte dos criadores das artes cênicas.

Pereira, em outras palavras, preza pela boa e velha linearidade narrativa e pela dramaturgia de autor (em oposição à construída por atores, dramaturgo e diretor em sala de ensaio).

Esses traços dão norte à concepção artística de duas montagens suas em cartaz: "Marlene Dietrich", com texto de Aimar Labaki, e "Dom Juan", clássico de Molière (1622-1673).

"Marlene Dietrich" é um musical sobre a atriz e cantora alemã (1901-1992), escrito em 2010 para a atriz Sylvia Bandeira. Já "Dom Juan" retorna ao século 17 para contemplar a figura de um sedutor que conquistava as mulheres com a mesma facilidade com que as abandonava.

Nos dois casos, a encenação empresta valores do universo da ópera. Natural, já que ele assina a direção cênica de "I Puritani", em cartaz nos dias 24, 27 e 29 de abril no Festival Amazonas de Ópera (leia à esq.).

Entre um campo de expressão e outro, Pereira estabelece interseções. Tenta "teatralizar ao máximo a ópera" e "operatizar o teatro". "Fico irritado quando vejo peças clássicas em que o personagem fala como se fosse um colega seu. O grande desafio de um encenador não é assumir as qualidades que aquele texto tem?", provoca.