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A megera indomada Adriana Esteves defende vilã de 'Avenida Brasil', capaz de crueldade e amor
ENVIADA ESPECIAL AO RIO Por trás das vilanias da terrível Carminha, de "Avenida Brasil", bate forte o coração de Adriana Esteves, 42. Para a atriz, apaixonada pela personagem, o papel é um "doutorado" com disciplinas sobre a psique humana, as vilãs do cinema dos anos 1950 e a sociologia da nova classe média brasileira. "É a minha tese de cientista", ela explica à Folha, antes de retomar a maratona de gravações. Com voz rouca e rosto abatido, Esteves conta que a jornada diária de trabalho tem durado até 12 horas."Mas estou aqui para falar da minha joia rara, a Carminha", define, talvez para evitar que o relato sobre a carga horária soe lamentoso. Apontada nos bastidores como uma das profissionais mais responsáveis do elenco global, ela é a estrela maior da novela que, ainda no início, bate recordes de audiência. Na última segunda, o folhetim marcou 41 pontos de audiência (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP), índice que não se via nas primeiras semanas desde "Duas Caras", em 2007. LADRA DE IBOPE O sucesso de "Avenida Brasil" também interessa à emissora porque impede os concorrentes de marcar dois dígitos e reassegura à Globo a hegemonia na faixa nobre, ameaçada nos últimos cinco anos com o avanço da dramaturgia na Record. O autor de "Avenida Brasil", João Emanuel Carneiro, não poupa elogios a Esteves: "Ela conseguiu ir além do que eu tinha planejado". Como os demais personagens da trama, Carminha vai além das tradicionais caricaturas novelescas. Sim, ela integra a linhagem das que maltratam crianças, traem o marido com o cunhado e roubam dinheiro de orfanato para dar ao amante. Mas o que assusta mesmo nela é o fato de parecer demasiado humana no amor que dedica ao filho Jorginho, que ela abandonou no lixão -o mesmo onde foi criada. Depois de se casar com um jogador de futebol rico, voltou para buscar a cria e apresentá-lo como filho adotivo. 'WORKAHOLIC' Esteves, por sua vez, é do tipo obcecada com pontualidade e trabalho. Diz ter parado de alimentar a vaidade após a chegada dos filhos. "Quero que eles se preocupem mais com a própria integridade e menos sobre o que o mundo possa pensar." A maturidade, diz, deu a ela coragem para estufar o peito e declarar-se atriz. Essa segurança de agora foi lapidada ao longo dos últimos 20 anos. A estreia na dramaturgia foi na novela "Top Model", em 1989, aos 20, após participar de uma seleção no "Domingão do Faustão". Em 1993, choveram críticas à sua primeira protagonista, a lolita Mariana, de "Renascer", que trocava o namorado pelo pai dele. "Na época, não existia o termo, mas hoje, olhando de fora, foi 'bullying' o que fizeram", diz ela, que, então ressentida, se afastou da TV por dois anos. Agora, não hesita. A quem caçoar do tom nasalado que sua voz pode assumir, responderá que é apenas um recurso para papéis de humor, como o da Celinha da sitcom "Toma Lá, Dá Cá". "E me rendeu um convite para fazer a grande Dalva de Oliveira", aponta, lembrando o papel na minissérie "Dalva e Herivelto" (2010) pelo qual foi indicada a um Prêmio Emmy. "Não tem volta por cima na minha história. Só uma longa estrada para trás e, se Deus quiser, outra para frente." Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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