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Festival "resistente" reúne 30 mil em PE

Balanço de três dias do Abril Pro Rock confirma vigor do evento de Recife, que projetou nomes como Los Hermanos

Portugueses do Buraka Som Sistema fecharam a última noite, que teve Nada Surf, Antibalas, Otto e Mundo Livre S/A

RODRIGO LEVINO
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

"Nós cumprimos o papel de resistência". A frase do produtor Paulo André Pires, 44, em entrevista à Folha nos instantes finais do Abril Pro Rock, serve de baliza para avaliar os shows que comemoram 20 edições do festival.

Desde que foi criado, em 1993, dando suporte a um grupo de artistas que mais tarde enriqueceriam a música com o movimento mangue beat, o APR se notabilizou como o festival mais importante do Nordeste.

Nos dez anos seguintes, revelou Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Los Hermanos e deu maior visibilidade ao Farofa Carioca, de onde saiu Seu Jorge.

Passadas duas décadas, tendo se moldado às mudanças de público e de parâmetros da indústria fonográfica que, capenga, não oferece há tempos condições de dar suporte aos novos grupos como os então alçados pelo festival, o APR sobrevive e bem.

"Quando começamos, não tínhamos apoio de rádios, TVs, de nenhum meio de difusão em massa. Continuamos sem, mas sobrevivemos porque há demanda. Muito embora ela seja reprimida pela falta de apoio desses meios", lamentou Pires. Mas não a ponto de se abater. Este ano, apesar de ter enfrentado a concorrência dos shows do ex-beatle Paul McCartney e do cantor Chico Buarque, que se apresentavam no Recife, o festival levou quase 30 mil pessoas ao Chevrolet Hall em três dias.

Um número eloquente. Desses que fazem supor que outros 20 festivais não são assim, como era em 1993, um projeto impensável.

SISTEMA ALTERNATIVO

Para as cerca de 2.000 pessoas que resistiram à maratona de shows do terceiro dia do festival, os portugueses do Buraka Som Sistema fizeram uma apresentação poderosa.

Expoente do kuduro, gênero musical de origem africana, a banda fez o público vibrar em estado de celebração. Destaque para a performance da vocalista Blaya, uma espécie de Rihanna do kuduro.

Além do Buraka, os americanos Nada Surf e Antibalas, e os pernambucanos Mundo Livre S/A e Otto foram as grandes atrações da noite.

Desses, o Nada Surf parecia deslocado. Ainda assim, fez um show e tanto, com destaque para canções como "Always Love" e "Popular".

Tocando em casa e no festival que os revelou, Mundo Livre e Otto não poderiam estar mais à vontade.

A banda de Fred 04 lançou mão de um punhado de grandes músicas como "Meu Esquema", "Musa da Ilha Grande" e a recente "Ela é Indie".

Ao passo que Otto, despojado, empolgou a plateia com um "set list" que fez um apanhado de sua carreira.

Tudo isso, no entanto, pareceu ensaio para a pedrada sonora que foi o show do Buraka. É aguardar que eles sejam, para sorte do público, atrelados à moda do gênero que está em curso no Brasil.

O jornalista RODRIGO LEVINO viajou a convite do festival

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