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Secretário busca mais recursos privados

Marcelo Araujo, novo titular da Cultura do Estado, planeja mais financiadores e menos dependência do governo

Museólogo e advogado, ele dirigiu a Pinacoteca nos últimos dez anos e tomaria posse ontem em cerimônia em São Paulo

MATHEUS MAGENTA
DE SÃO PAULO
FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

O novo secretário de Estado da Cultura de São Paulo, Marcelo Araujo, quer que sua gestão fique marcada pelo aumento da visibilidade e consolidação da área cultural.

Na prática, apesar de defender um aumento no orçamento da pasta (para este ano, estão previstos R$ 850 milhões), Araujo, 55, está de olho é na atração de recursos privados para o setor.

"A Lei Rouanet e o Proac [mecanismos de financiamento via isenção fiscal] têm tido resultados fantásticos, mas ainda há espaço enorme para o engajamento de pessoas e empresas que contribuam com recursos para a cultura", afirmou à Folha o secretário, que tomaria posse ontem à tarde, após o fechamento desta edição.

O modelo que Araujo quer ampliar no setor cultural de São Paulo tem como referências a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e a Pinacoteca, da qual foi diretor nos últimos dez anos.

Ambas são geridas por organizações sociais, entidades privadas sem fins lucrativos que administram teatros, orquestras e programas culturais no Estado de São Paulo.

O que as diferencia das demais? Mesmo com os custos fixos bancados pelo governo de São Paulo, elas têm quase 35% da receita proveniente de recursos privados.

"Uma ação política que possa contribuir para garantir isso é um objetivo permanente e mais premente na área da cultural. É uma mudança de mentalidade."

Neste ano, 20 organizações sociais receberão R$ 420 milhões em convênios, ao todo.

Museólogo e advogado, Araujo substituiu o tucano Andrea Matarazzo, que deixou o cargo no início deste mês para atuar na pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo.

O novo secretário sinaliza que sua gestão será de continuidade. Um dos exemplos é a escolha de Sérgio Tiezzi, que foi chefe de gabinete do ex-secretário João Sayad (2007-2010), como o novo secretário-adjunto da pasta.

A escolha de Araujo, que também dirigiu o Museu Lasar Segall, em São Paulo, recebeu elogios de gestores, artistas, curadores, galeristas e produtores culturais consultados pela reportagem.

Em sua gestão à frente da Pinacoteca, ele ajudou a consolidar o local como o museu mais importante da cidade e, possivelmente, do país.

DIPLOMÁTICO

Graças a seu senso político e diplomático, ele conquistou, por exemplo, o acervo da coleção Nemirovsky, também disputado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Para tanto, ele se valeu da Estação Pinacoteca, que hoje é a sede da Nemirovsky, mas estava prometida para Emanoel Araujo abrir um museu dedicado à cultura brasileira, gerando um dos poucos críticos à sua administração.

A postura diplomática e conciliatória se repetiu durante a entrevista à Folha, na qual ele evitou opinar sobre diversos pontos controversos que envolvem o seu cargo.

Seu antecessor fez intervenções em organizações sociais e defendia mudanças no modelo, como cotas para membros do governo nos conselhos das entidades -proposta fortemente rechaçada pelos gestores.

Já Araújo diz que buscará antes o consenso a partir do diálogo com todos os entes.

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