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Acabou o sossego

Antologia reúne o melhor de Paulo Francis, polemista ácido e crítico erudito, em seus 15 anos de Folha

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Francis na Redação da Folha, em 1982, quando era correspondente em Nova York
Francis na Redação da Folha, em 1982, quando era correspondente em Nova York

DE SÃO PAULO

Um espectro ronda o jornalismo nacional. Jovens, esqueçam o sossego que hoje se vê nas páginas: Paulo Francis está voltando.

Nascido no Rio em 1930 e morto em Nova York em 1997, aos 66 anos, Francis foi ator, crítico teatral, romancista e comentarista de TV mas, acima de tudo, jornalista.

Tornou-se um articulista referencial no país -polemista admirado e odiado, influente sempre- nos 15 anos em que escreveu na Folha, de 1975 a 1990.

Uma antologia de suas crônicas no período acaba de ser editada pelo Três Estrelas, selo editorial do Grupo Folha.

Organizado e apresentado por Nelson de Sá, articulista do jornal, "Diário da Corte" contempla as mais notórias facetas de Francis.

Lá estão o crítico cultural antenado e erudito, o satirista do cotidiano, o correspondente que, como ele mesmo gostava de dizer, ajudou a desmistificar os EUA.

Também ressurgem o comentarista político que foi do trotskismo ao conservadorismo, o bufão preconceituoso, o estilista de texto e ideias.

Nelson de Sá selecionou 76 artigos entre os mais de 8.000 textos que Francis assinou em 15 anos de Folha.

Explica que buscou: 1) ser fiel às diferentes fases de Francis; 2) sublinhar sua trajetória política, da esquerda para a direita (elogiava Lula quando o petista surgiu como líder sindical e o desancou quando concorreu à Presidência em 89; com o economista Roberto Campos ocorreu o contrário); 3) reproduzir as polêmicas mais célebres em que ele se envolveu, como os embates com o diplomata José Guilherme Merquior e com o primeiro ombudsman da Folha, Caio Túlio Costa.

Correspondente assistente de Francis em Nova York em 1987, Nelson de Sá lembra que naquele ano o colega registrou numa coluna que o jornal abrira concurso para assistentes dele na cidade. "Aviso desde já aos candidatos que, entre três e seis da tarde, ladro e mordo."

Na apresentação do livro, o organizador escreve que não, "Francis não latia nem mordia". Ao contrário, era "carinhoso, quase paternal".

No posfácio "Paulo Francis contra os jecas", o filósofo e colunista da Folha Luiz Felipe Pondé relata que lia Francis pelos corredores da USP, "às vezes escondido". "[...] Ele era o que eu queria ser quando crescesse."

(FABIO VICTOR)

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