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Fotógrafo de cenas policiais ganha mostra em Nova York

Exibição revive trabalho de Weegee, que ajudou a moldar 'jornalismo de tabloide'

Artista, que chegava aos crimes antes dos oficiais, clicou cenas de apelo sensacionalista
e dramas humanos

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

O fotógrafo austro-húngaro Arthur Fellig (1899-1968), conhecido como Weegee, é lembrado na exposição "Assassinato É o Meu Negócio", em cartaz até setembro no Centro Internacional de Fotografia, em Nova York.

A assinatura estilística de Weegee (cliques de cenas de crime ou acidente dotados de forte carga dramática, com apelo por vezes francamente sensacionalista) estabeleceu o padrão para o que ficaria conhecido como "jornalismo de tabloide".

"Como fotógrafo, Weegee talvez tenha sido o mais verdadeiro, atento, cínico e flagrantemente sentimental cronista da vida urbana de Nova York no século 20", afirmam os organizadores, que ressaltam o interesse do profissional não só nos crimes mas no drama humano.

Ele também é descrito como detetive atento a detalhes. Suas fotos e relatos contribuíram para investigações criminais nos anos 1930 e 1940. Com o rádio do carro sintonizado na frequência da polícia, não raro chegava à cena do crime antes dos oficiais.

Seu portfólio mostra não só corpos ensanguentados, acidentes e tragédias. Ele apanha a reação de curiosos e policiais diante de homens assassinados e cenas de resgate, captura o desespero de quem espera por socorro.

O período de atuação de Weegee coincide com a ascensão dos tabloides e com o aumento da violência.

"Uma das inovações dele era a atenção ao público, traço incomum em fotógrafos de imprensa da década de 1930 ou 1940. Também foi única a maneira inteligente -e, muitas vezes, sem derramamento de sangue- com que ele mostrou crimes e consequências da violência", disse à Folha Brian Wallis, curador-chefe do Centro Internacional de Fotografia.

NOTORIEDADE

A exibição inclui cerca de cem fotografias, além de filmes e exemplares de tabloides e revistas. O nome "Assassinato..." foi tirado de uma mostra curada pelo próprio Weegee em 1941.

Os recortes de tabloides permitem vislumbrar a notoriedade que o fotojornalista alcançou. "Outro furo de Weegee", estampa a manchete de um dos jornais, que criou até selo para identificá-lo.

A exibição no Centro Internacional de Fotografia inclui ainda uma reconstrução parcial do estúdio de Weegee em Nova York: lá estão a mesa de trabalho, a cama e os recortes de jornais colados pela parede. Por fim, a mostra contempla bastidores de seu trabalho, lembrando as escaladas que empreendia para obter os melhores ângulos.

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