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Crítica Drama Documentarista passa à ficção com filme careta sobre drogas CÁSSIO STARLING CARLOSCRÍTICO DA FOLHA Para quem admirou o retrato da loucura em "Estamira" (2004), a aguardada passagem do diretor Marcos Prado do documentário à ficção com "Paraísos Artificiais" revela-se uma falsa boa ideia. A proposta segue o princípio da comunicação imediata com o "mercado", com uma temática jovem, imagem bacana e conteúdo responsável. Não estamos longe do que já havia sido tentado, com sucesso, nos tempos de "Menino do Rio" (1982) e "Garota Dourada" (1984). A adequação ao contemporâneo se mescla com o retrato de uma juventude sem rumo (e qual não é?), focalizado na relação com as drogas sintéticas, combustível do hedonismo e estímulo para se entregar à sensorialidade da música eletrônica. Érica e Nando são seus protótipos. Ela é DJ, vive em Amsterdã e faz sucesso em clubes da Europa. Ele é um rapaz da zona sul carioca que descobre a fantasia das raves, decide melhorar a situação de sua família traficando ecstasy e começa o filme saindo de quatro anos na prisão. A narrativa em camadas costura ao par central os personagens de namorada, irmão menor, amigo irresponsável e velho doidão, funcionando como representações complementares dos desatinos dessa rapaziada. Por meio desse esquema, o filme enfatiza o antes e o depois da "viagem", pretende demonstrar ambos os lados da experiência, prazer e "bad trip", paraíso e culpa. As sacadas visuais e um desenho de som espetacular acabam proporcionando uma imersão sensorial completa, geram uma sintonia do público com a "imagem de si" projetada na tela. Da primeira à última cena, no entanto, "Paraísos Artificiais" reafirma um conceito de "responsabilidade" adulto, cada linha do roteiro reitera uma mensagem: "Cuidado com as drogas, elas sempre levam a alguma prisão!". Desse modo, todo o investimento em uma linguagem "jovem" ou "moderna" culmina no contrário disso, num filme caretíssimo. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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