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30 anos em cartaz

Celebração do Grupo Galpão inclui remontagem em Londres e peça de Pirandello

Guto Muniz/Divulgação
Antonio Edson e Fernanda Vianna na remontagem de "Romeu e Julieta"
Antonio Edson e Fernanda Vianna na remontagem de "Romeu e Julieta"

LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Pense na típica família mineira: ciosa de sua história, afeiçoada a padrões de conduta sedimentados pelo tempo e cautelosa com novidades e modernismos -bem-vindos desde que não arranhem as tradições que, à moda de tapetes arraiolos e oratórios barrocos, são guardadas como relíquias.

Agora aplique esse sistema de valores a um clã teatral, o Galpão, que finaliza os preparativos para a festa dos 30 anos de sua fundação.

Surgirá uma agenda comemorativa pautada pela disposição de encapsular essa trajetória em DVDs, documentários, diários de montagens e exposição, como se quisesse desafiar a efemeridade do teatro, sugerir que ele não precisa (não pode?) ser tão volátil quanto o tempo.

Além da já anunciada participação do grupo em um festival do teatro londrino Shakespeare's Globe, na semana que vem, com a remontagem da aclamada "Romeu e Julieta" (1992), a programação balzaquiana inclui uma mostra de repertório.

Belo Horizonte (junho), São Paulo (julho/agosto) e Rio (outubro/novembro) verão a tragédia dos Capuleto e Montecchio e as três produções mais recentes da companhia: "Till, a Saga de um Herói Torto" (2009), "Tio Vânia" (2011) e "Eclipse" (2011).

"A seleção ilustra elementos pertinentes da história do Galpão", diz a atriz Inês Peixoto. "'Romeu' traduz a capacidade do grupo de manter seu repertório ativo, 'Till' é teatro de rua, usa linguagem popular. 'Eclipse' e 'Tio Vânia' têm diretores convidados e apontam para a nossa proximidade com clássicos."

Mesmo o item inédito do pacote trintão tem um pé na tradição: para seu próximo trabalho, a trupe pinçou do cânone o italiano Luigi Pirandello (1867-1936) e seus "Gigantes da Montanha". A estreia deve ser em junho de 2013. Gabriel Villela, parceiro em "Romeu..." e "A Rua da Amargura" (1994), volta a dirigir os conterrâneos.

O texto, que o dramaturgo deixou inconcluso, é uma meditação sobre a arte e seu poder de comunicar estados de alma e sensações.

Uma companhia mambembe aporta em um vilarejo longínquo e enigmático para encenar o texto de um poeta morto, sem saber o que esperar do público. Tirando-se o elemento fantástico, poderia ser mais uma memória sacada do baú do Galpão.

O repórter viajou a convite do Grupo Galpão.

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