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Crítica Policial

Gibson segue com incorreções políticas em filme para reabilitar sua carreira

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Mel Gibson pode ter dado um tempo dos filmes históricos, mas parece não ter desistido da incorreção política.

Depois de retratar judeus e maias como bárbaros em "A Paixão de Cristo" (2004) e "Apocalypto" (2008), respectivamente, agora ele afronta mexicanos no contemporâneo "Plano de Fuga".

Escrito e produzido por Gibson, e dirigido pelo estreante Adrian Grunberg, o filme retrata o México como um país violento, corrupto e decadente -o que pode ser uma parte da realidade, mas é, claro, só uma parte.

Gibson interpreta um ladrão americano, de identidade desconhecida, que rouba uma fortuna de mafiosos e foge para a fronteira.

No lado mexicano, ele é preso e levado para uma estranha prisão -mais parecida com uma favela murada-, onde circulam comerciantes, traficantes, prostitutas e até familiares de presos, sob o comando de um chefão do crime local.

Como pergunta o personagem de Gibson, "isso é uma prisão ou o shopping center mais nojento do mundo?" (aparentemente, há um local parecido no México).

Ali, o protagonista começa a planejar sua fuga armando um confronto entre o mafioso que roubou e o chefão da prisão, ao mesmo tempo em que passa a defender um garoto mexicano e sua mãe.

Policial de trama intrincada, "Plano de Fuga" por vezes se arrisca em câmeras tremidas e cores saturadas à moda do diretor Tony Scott, diálogos espertos na linha de Elmore Leonarde referências tarantinescas à cultura pop.

Mas esses artifícios não escondem o fato de que, no final das contas, se trata de um exercício de gênero convencional -e um veículo para reabilitar a carreira de Gibson.

Ao menos há dois elementos que tiram "Plano de Fuga" da média dos policiais hollywoodianos. Primeiro, a ideia da prisão como uma pequena cidade miserável, bem explorada conceitual e geograficamente por Grunberg.

Depois, esse algo indefinível que certas pessoas carregam ao qual deram o nome de carisma. Por trás das polêmicas e rugas, Mel Gibson ainda mantém o seu intacto.

Graças a ele, o ator continua fazendo o papel de anti-herói de ação com um conforto que poucos colegas em Hollywood podem ostentar.

PLANO DE FUGA

DIREÇÃO Adrian Grunberg
PRODUÇÃO EUA, 2012
COM Mel Gibson, Peter Stormare
ONDE Villa-Lobos Cinemark, Anália Franco UCI e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO regular

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