Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editora Unicamp lança coleção sobre utopias literárias

Os dois primeiros volumes, "A Terra Austral Conhecida" e "A Cidade Feliz", foram traduzidos pela primeira vez para o português

MARCIO AQUILES
DE SÃO PAULO

Uma das acepções para "utopia", segundo o dicionário Houaiss, é "descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade".

Esta concepção aparece na produção de autores que buscaram compor um universo ficcional para suas elucubrações. Com a coleção Mundus Alter, a editora Unicamp lança série de utopias literárias inéditas em português.

Os primeiros volumes da coletânea são "A Terra Austral Conhecida", de Gabriel de Foigny, e "A Cidade Feliz", de Francesco Patrizi da Cherso.

As duas obras ainda não tinham traduções para o português, e foram vertidas por pesquisadores do Centro de Pesquisa sobre Utopia, especialistas no assunto.

O professor da Unicamp Carlos Eduardo Berriel, organizador da coleção, enfatiza que as obras englobam os campos de reflexão da política, da ética e da religião.

"Ao contrário da crença comum, a utopia não é uma visão ficcional do futuro, e sim uma reflexão sobre o presente, considerado como um complexo de graves problemas sociais e políticos que alarmam o ambiente cultural do utopista", afirma Berriel.

Este tipo de literatura surge com "A Utopia" (1516), do inglês Thomas More, em um momento de transição entre a comunidade feudal e a sociedade moderna.

"As utopias experimentam então, por meio de uma composição de traços satíricos e metafóricos, formas possíveis de Estado. Este desenho imaginário assume a forma de um ideal político, de uma sociedade onde todos estarão bem", explica Berriel.

SENSO DE REALIDADE

Ana Cláudia Ribeiro, tradutora de Foigny, destaca a percepção apurada que os autores tinham de seu "Zeitgeist" (espírito do tempo).

"É errado associar um utópico a uma pessoa desprovida de senso de realidade. Muito pelo contrário, um utopista é alguém plenamente consciente dos problemas e contradições de sua época, tão consciente que consegue transformar reflexão política em literatura", afirma.

De acordo com a tradutora, a obra delineia um Estado composto por cidadãos hermafroditas, sem instituições políticas ou religiosas vigentes, com cada indivíduo sendo expoente da máxima racionalidade possível.

"Trata-se de uma fábula da harmonia social marcada pela extrema fantasia e consciência da realidade, por parte do escritor", conta Ribeiro.

"Temos um agudo exame, pelos autores, do momento histórico em que vivem. O próprio funcionamento do texto utópico parte de questões complexas e as discute de forma indireta, mediada pela ficção", diz Helvio Moraes, tradutor de Cherso.

A TERRA AUSTRAL CONHECIDA
AUTOR Gabriel de Foigny
TRADUÇÃO Ana Cláudia Ribeiro
EDITORA Unicamp
QUANTO R$ 45 (248 págs.)

A CIDADE FELIZ
AUTOR Francesco Patrizi da Cherso
TRADUÇÃO Helvio Moraes
EDITORA Unicamp
QUANTO R$ 32 (136 págs.)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.