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O autor

"Talvez 'Livro' seja melhor do que 'Transa'"

CAETANO VELOSO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Tem horas em que vejo a reação de sucessivas gerações de jovens brasileiros se parecerem com a plateia do programa "Som Livre Exportação", da TV Globo, quando vim ao Brasil, numa concessão dos milicos, para o aniversário de casamento dos meus pais, em 1971.

Era uma garotada que esperava que eu fizesse um rock moderno e ficou frustrada ao me ouvir cantar "Adeus Batucada" só com o violão.

Cantar aquele samba que era uma profecia do exílio de Carmen Miranda, feita pelo compositor Sinval Silva, tocando meu violão para o grande público pela primeira vez no Brasil, era o que havia de menos careta.

Mas os garotos que esperavam algo progressivo (que eu já achava careta) ficaram decepcionados. Caretice para eles era isso.

Depois que fui a Nova York, em 1983, comecei a achar que devia tomar certa responsabilidade pelo que os gringos ouviam de mim: artistas e críticos mostraram grande interesse no que eu fazia. Antes disso, não.

Sou brasileiro velho. Do tempo em que a gente não acreditava na realidade do mundo exterior.

"Transa", para mim, é um dos meus melhores álbuns. Talvez "Livro" (1997) seja melhor. Talvez "Cê" (2006). Antigamente, eu achava "Jóia" (1975) -queria achar. Mas isso era um pouco careta.

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