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Crítica Drama "Essential Killing" arranca espectador do torpor com ótimos recursos visuais CRÍTICO DA FOLHAEm meio ao turbilhão de filmes, séries e vídeos bobinhos e bobões, ficou muito difícil experimentar o efeito desestabilizador produzido pelo cinema, sentir o impacto de situações narradas com recursos audiovisuais que podem alterar nossa percepção, deslocar ou nos devolver outra dimensão humana. "Essential Killing" faz isso com o espectador. Arranca do torpor e impõe um ritmo que faz vibrar capacidades esquecidas ou quase abolidas da experiência cinematográfica. A trama, quase um fiapo, segue a luta pela sobrevivência de um homem capturado no deserto e levado para um campo secreto. Ao fugir, tem de confrontar a neve, o frio, os cães de caça e lutar contra outros homens. Os fatos importam pouco, as condições materiais desse combate, muito. Jerzy Skolimowski não filma ações, apenas percepções. O que se impõe, sobretudo, é o modo como o filme nos absorve em seu composto de cores e sons (o amarelo da areia, a brancura da neve e o negrume da noite), sentidos e forças, levando a ideia de imersão para muito além dos ambientes interativos ao qual ela ficou associada. "Matar para não morrer" poderia ser o título brasileiro do longa, que não teve distribuição comercial no país e só será exibido de hoje até quinta em única sessão diária, às 19h30 (exceto no domingo, programado para as 17h30), no Cine Olido. O projeto "Em Cartaz" tem levado à sala, a R$ 1, preciosidades em película ou em cópias restauradas. "Essential Killing" abocanhou os prêmios de melhor direção (Jerzy Skolimowski) e melhor ator (Vincent Gallo) no Festival de Veneza de 2010, foi um dos destaques do Festival do Rio daquele ano, mas ficou inédito em SP. É o segundo trabalho da retomada da carreira de Skolimowski no cinema, após um intervalo em que o diretor polonês se dedicou quase exclusivamente à pintura. Skolimowski é companheiro de geração de Polanski, autor do roteiro de seu longa de estreia, "Faca na Água" (1962). Como seu colega, filmou desde os anos 1960 na França, na Inglaterra e nos EUA, mas sua trajetória cheia de obras-primas ficou restrita a um público menor. "Essential Killing" reafirma seu lugar fundamental entre os artistas aptos a mostrar tudo o que pode o cinema. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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