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Escritoras rejeitam o rótulo de "literatura feminina"

Último dia do Festival da Mantiqueira, no interior paulista, atrai público com Maitê Proença e Zeca Baleiro

MARCO RODRIGO ALMEIDA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO FRANCISCO XAVIER (SP)

Música e literatura feminina foram os temas que mais atraíram público para a quinta edição do Festival da Mantiqueira, ontem, em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos (SP).

No dia de encerramento do festival, o debate "A Mulher na Escrita ao Longo dos Tempos", com as escritoras Carola Saavedra, Tatiana Salem Levy e com a atriz Maitê Proença, foi o mais concorrido.

"Não gosto da definição 'literatura feminina'. Não falamos em 'literatura masculina'", disse Levy, autora do romance "A Chave da Casa". "O que você é está na sua obra, mas não quer dizer que seja feminino. O homem também pode ter um olhar feminino."

Saavedra ("Toda Terça") comentou que tal classificação fazia sentido quando as mulheres viviam restritas ao ambiente doméstico e retratavam sobretudo esse universo em seus livros. "Depois, a mulher começa a trabalhar, a ter participação política. Não existem mais os 'temas femininos'."

Já Maitê, que escreveu a coletânea de crônicas "Entre Ossos e a Escrita", comentou o papel decisivo das escritoras Clarice Lispector e Virginia Woolf na emancipação feminina. "Elas romperam com uma forma anterior e mostram que nós também devemos romper."

Na tarde de ontem, o cantor Zeca Baleiro foi recebido por fãs que não cansavam de chamá-lo de "gênio". Baleiro comentou que ele e os irmãos tomaram gosto pela leitura desde cedo, incentivados pelo pai. "Na oitava série, um professor nos fez ler 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' e 'O Estrangeiro'. Uns três alunos devem ter se matado", brincou ele. "Mas ler os dois mudou minha vida."

Na última palestra do festival, Marcos Augusto Gonçalves, editorialista e repórter da Folha, falou sobre o tema de seu livro "1922 - A Semana que Não Terminou" (Companhia das Letras). Durante as pesquisas, ele identificou alguns mitos.

"Muitos dizem que o Mário de Andrade leu na Semana o 'Ode ao Burguês'. Não achei nenhuma prova disso."

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