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Crítica drama

"Adorável Pivellina" reinventa e exacerba estilo neorrealista

ALCINO LEITE NETO
ARTICULISTA DA FOLHA

O filme "Adorável Pivellina", dos diretores Tizza Covi (italiano) e Rainer Frimmel (austríaco), começa com uma situação intrigante: uma artista de circo se depara com uma garotinha abandonada num parque e acaba levando-a para o trailer onde vive.

A senhora passa, então, a cuidar da menina, enquanto tenta encontrar sua mãe, sobre a qual nada sabemos.

Em poucos minutos de uma narração bem conduzida, os diretores colocam em cena um conjunto muito fértil de temas: a criança sem família, a mulher sem filhos, os artistas de circo sem trabalho, a vida sem perspectivas.

Também evocam uma série de elementos do cinema neorrealista: a filmagem em ambientes reais, os atores não profissionais, a desolada periferia romana, os personagens socialmente marginalizados, o mundo dos artistas mambembes etc.

Evitam, entretanto, a todo custo, outro importante fundamento do neorrealismo, responsável pela popularidade de seus filmes entre as décadas de 1940 e 1950: a inclinação melodramática.

É como se Covi e Frimmel (que constituem toda a equipe técnica do filme: um cuidando do som e o outro, da câmera) buscassem reinventar a estética neorrealista, ou a exacerbassem na direção documental, com um olhar praticamente esvaziado de dramaticidade, a fim de que a "realidade" se imponha à representação.

O resultado é irregular.

Ora, o espectador se exalta com a acuidade dos diretores ao filmarem o cotidiano de seus "personagens". Ora, o espectador se pergunta se eles não acabaram desperdiçando uma boa história, ao se entregarem tão obsessiva e obstinadamente ao registro de banalidades.

ADORÁVEL PIVELLINA
DIREÇÃO Tizza Covi e Rainer Frimmel
PRODUÇÃO Aústria/Itália, 2009
ONDE Cine Sesc
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO bom

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