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"Maria Miss" leva conto de Guimarães Rosa para os palcos Dirigida por Yara de Novaes, peça conta a trajetória de uma sertaneja que enfrenta vários homens da mesma família Conto 'Esses Lopes', publicado há 45 anos em 'Tutameia', é um dos poucos do autor escritos sob a ótica feminina MARCOS GRINSPUM FERRAZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA "Esses Lopes" é um pequeno conto de Guimarães Rosa. Curto, mas denso o suficiente para se transformar em uma peça de teatro inteiramente baseada nas poucas páginas do escritor. Pois ali está contada, de algum modo, toda a trajetória de Flausina -ou Maria Miss, como gostaria de se chamar-, uma personagem forte do sertão mineiro que tem de lidar com os brutos homens de uma mesma família. Adaptado para os palcos, e sob a direção de Yara de Novaes, "Esses Lopes" se transformou na peça "Maria Miss", que estreia hoje no Teatro Eva Herz, 45 anos após a morte do escritor mineiro. A mudança de nome não se deu por acaso, segundo a diretora. "Significa um foco maior na personagem, e é também a opção por uma nova obra, ainda que toda estruturada a partir do conto." Para "ampliar" a história, "não só no sentido físico, mas de significados", como explica Novaes, ela e os atores se lançaram em uma longa pesquisa do universo rosiano, para que tudo de novo que entrasse fosse coerente. No enredo, Maria Miss (Tania Casttello) conta o drama de sua vida ao lado dos vários homens do clã Lopes (interpretados por Daniel Alvim e Cacá Amaral), com os quais foi forçada a viver desde cedo, mas dos quais também soube se livrar. "A tragédia está ali, mas, à medida que Maria Miss se liberta, tudo fica mais claro e humorado", diz a diretora. O conto de Rosa, publicado em "Tutameia" (1967), é um dos poucos de sua lavra escritos sob a ótica feminina. Para além de qualquer questão de gênero, segundo Novaes,"o que interessa no conto é essa possibilidade de acontecer o improvável, algo recorrente na obra de Guimarães. É o pequeno que, diante do seu opressor, consegue criar novas perspectivas para si. E a Maria Miss é isso".
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