Aproximação com o rock irrita os fãs radicais de blues

O pai de Joe Bonamassa tinha uma loja de guitarras. Hoje, ele tem mais de uma centena de modelos.

Costuma levar cerca de 30 nas turnês americanas, mas trará "apenas" 20 para o Brasil. "Despachar as guitarras em aviões me dá medo, entende?", conta ele à Folha.

Bonamassa tem planos de voltar ao país com o Black Country Communion, seu grupo com nomes do metal: o baixista Glenn Hughes (ex-Deep Purple), o baterista Jason Bonham (filho de John, do Led Zeppelin) e o tecladista Derek Sherinian (Dream Theater).

(THALES DE MENEZES)

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Folha - Com 15 discos gravados, você prefere os shows?

Joe Bonamassa - É a parte mais divertida. Ao contrário de muitos guitarristas, não tenho uma rotina de ficar tocando em casa, praticando. Gosto de tocar na noite. Gosto de jogar, não de treinar.

Você é um guitarrista americano que tem ídolos ingleses, como Paul Kossoff, Rory Gallagher, Jeff Beck...

Sim! Esses são os meus caras! Mas não penso muito neles como ingleses, entende? São os guitarristas que gosto de ouvir, poderiam ter nascido em qualquer lugar. Tem gente que trata isso como, sei lá, um incidente diplomático.

O que os puristas do blues pensam de você?

Eles me odeiam. Mas eu não ligo, eles não aparecem nos meus shows. São pessoas que acreditam numa única forma de fazer as coisas.

O mundo é grande, podem ficar com outros que pensam da mesma maneira.

Você concorda que existe uma nova onda de blues rock, encabeçada por você, Black Keys e até mesmo Jack White?

Espero que sim. Mas não é um movimento. São pessoas que estão por aí e agora têm seu trabalho reconhecido. Mas ninguém fica ligando para o outro e dizendo: "E aí, como está nosso movimento?".

A banda Black Country Communion é seu lado mais rock?

Não gosto desse tipo de comentário, eu não tenho um botão que me deixa mais rock ou mais isso ou menos aquilo. Tenho meu jeito de tocar guitarra e é assim que eu faço com a banda. Antes de heavy metal, os caras são músicos.

Como o BCC foi formado?

Do jeito que os músicos se relacionam. Você senta com o cara, conversa um pouco, toca um pouco. Se gostar, vai ficando por ali. É assim que músicos se aproximam.

Você vai aos clubes ouvir algum novo guitarrista?

Não. Nunca saio para ver um show. Não é para mim. Só saio de casa para tocar.