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"Arte depende de colecionador", diz Ferraz

Para João Carlos Figueiredo Ferraz, instituições públicas não contam com política sólida para aquisição de obras

Acervo de seu instituto em Ribeirão Preto reúne mais de 800 peças, que o curador tentou ceder à Pinacoteca do Estado

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

"Se não fosse o colecionismo privado, não existiria arte contemporânea brasileira, porque as instituições públicas não têm uma política consistente de aquisição", desabafa o colecionador João Carlos Figueiredo Ferraz, 60.

Por dez anos, ele próprio tentou ceder em comodato sua coleção de mais de 800 obras à Pinacoteca do Estado. Ferraz vive há 30 anos em Ribeirão Preto, mesmo período dedicado ao colecionismo. Sua única condição era que o acervo deveria permanecer na cidade, num espaço a ser doado pela prefeitura.

"O único prefeito que me ajudou mesmo foi o [Antonio] Palocci. Desde que ele deixou o cargo [em 2002], nenhum prefeito me disse não, mas nunca ajudou, por isso resolvi construir um espaço por conta própria", conta Ferraz, que é filho do ex-prefeito de São Paulo, José Carlos Figueiredo Ferraz (1971-73).

Inaugurado em outubro do ano passado, o Instituto Figueiredo Ferraz possui uma área de 2.500 m², sendo que 1.800 m² de área expositiva, quase o dobro do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

"Seria muito barato, mas falar de cultura em Ribeirão ou em qualquer parte do país é como falar de extraterrestres para o Papa", ironiza.

Ele não conta quanto gastou na obra, mas estima-se que a edificação não tenha saído por menos de R$ 1,25 milhão. Criado para abrigar uma coleção privada, normalmente confinada em uma residência, o espaço é público e ganhou dimensões de museu moderno com seus cubos brancos.

PELA CULTURA

Enquanto alguns colecionadores preferem doar obras e dinheiro a museus no exterior, Ferraz criou uma instituição no país.

Ainda assim, ele poupa os colegas: "Não posso criticar os colecionadores que apoiam museus estrangeiros. Ir ao MoMA e ver Waltercio Caldos, Lygia Clark ou Leonilson é bom para o Brasil."

No entanto, são os governos que permanecem em sua mira: "A Dilma [Roussef] disse que queria trazer de volta ao Brasil o 'Abaporu', mas antes ela tinha era que cuidar dos museus, que estão péssimos. Vamos preservar o que já está aqui."

Empresário do ramo da agropecuária e da importação, Ferraz critica as taxas aplicadas às obras de arte no país. "Por falta de formação, os governantes as consideram obra de arte como uma mercadoria qualquer."

A iniciativa pioneira, longe do eixo das capitais, poderia ser comparada a Inhotim, em Minas, do colecionador Bernardo Paz. Ferraz, no entanto, prefere distinguir-se do projeto mineiro: "Meu espaço está em área urbana".

ALÉM DA FORMA

QUANDO até sáb,, das 14h às 18h
ONDE r. Ignácio Stabile, 200, Ribeirão Preto (SP), tel. 0/xx/16/3626-2262
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