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Obra na biblioteca de NY é alvo de intelectuais Projeto de US$ 600 milhões prevê aumento de área destinada a computadores e remoção de acervo de 3 milhões de livros Com quase 900 nomes, petição conta com Mario Vargas Llosa, Frances FitzGerald e Margo Jefferson VERENA FORNETTIDE NOVA YORK Um projeto de R$ 600 milhões que pretende ampliar a área de computadores e os locais com livre acesso na Biblioteca Pública de Nova York mobiliza intelectuais, que iniciaram um abaixo-assinado pedindo que a reforma não transforme o edifício em um "imenso internet-café". A reforma do prédio histórico, localizado na Quinta Avenida, criaria uma biblioteca em que os visitantes poderiam circular pelo acervo e permitiria a venda de prédios anexos para investimentos posteriores, mas implicaria na remoção de 3 milhões de livros e na diminuição do espaço que hoje é disponibilizado a pesquisadores. Entre os opositores à reforma estão os escritores Mario Vargas Llosa e as jornalistas vencedoras do prêmio Pulitzer Frances FitzGerald e Margo Jefferson. A petição já tem quase 900 assinaturas. A carta diz que o plano de reforma da instituição prevê um uso equivocado de recursos em um tempo de grande escassez de verbas, quando o orçamento da biblioteca deve sofrer um corte de US$ 43 milhões (R$ 86 milhões). A petição destaca que o investimento na reforma deveria ter outro destino. Segundo a carta, o número de bibliotecários caiu drasticamente, e o acervo de história afro-americana, no bairro do Harlem, está se deteriorando. Usuários da biblioteca entrevistados pela Folha concordam com o protesto. A pesquisadora Silvia McGuire, 60, que frequenta a instituição há 30 anos, diz que a biblioteca vai perder a alma. "Entendo que mudanças sejam inevitáveis, mas eles precisam ser cuidadosos com a transição. Se você vai até a área dos computadores hoje, não consegue trabalhar. Há muito barulho." A estudante Alexia Motal, 18, diz que há computadores suficientes. "Eles deveriam se preocupar com o acervo e com a falta de funcionários para ajudar o público." O presidente da biblioteca, Anthony Marx, não respondeu ao pedido de entrevista, mas defendeu o projeto de reforma em artigos publicados na imprensa americana. Marx afirma que as bibliotecas estão sendo desafiadas em um tempo em que prevalece a informação rápida, e que elas precisam mudar para manter o prestígio. "O contexto para todas as bibliotecas está mudando. Das incertezas financeiras ao desafio de garantir o acesso digital para todos, a maior biblioteca do país não tem escolha senão mudar", escreveu, em texto ao "Huffington Post". "Devemos também preservar a nossa posição como uma das principais bibliotecas de pesquisa do mundo. A Biblioteca Pública de Nova York deve fazer algumas escolhas importantes para garantir a sua importância." Em editorial, o "New York Times" defendeu a reforma da biblioteca. Para o jornal, o plano é necessário para adaptar a instituição à era digital. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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