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Coleção traz contos do argentino Bioy Casares

Com prosa refinada, autor passeou pelas vertentes fantástica, policial e de ficção científica

DE SÃO PAULO

"A trama é o carro-chefe de uma história. Tudo mais, o estilo, a maneira de contar, os experimentos, deve estar a seu serviço", resumiu o escritor argentino Adolfo Bioy Casares (1914-1999).

Parte de seus enredos se entrelaçam em "Histórias Fantásticas", reunião de 14 contos publicados pelo argentino entre 1948 e 1969 e décimo volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que será lançado neste domingo, dia 10.

De sua imaginação sem limites se desprendem mistérios tecidos ao redor de referências que vão de lendas celtas a alienígenas, passando pelas incertezas da tecnologia.

Ao sentenciar que "escrever é agregar um quarto à casa da vida", Casares acabou por definir, simbolicamente, a força construtiva de sua obra, que influenciou inúmeros escritores argentinos.

Em seus livros, personagens comuns se veem aprisionados por enigmas fantasmagóricos, forçados a decifrar a complexa estrutura dos sentidos, em que as combinações entre realidade e aparência regem a existência diária.

"Quando estou conversando com uma pessoa, ouvindo o que ela me diz, de repente, sinto que ali há a possibilidade de uma história. Guardo aquilo na memória. Depois, conto esta história para mim mesmo", revelou o autor.

Dotada de uma manipulação hábil e carregada de ironia, a prosa de Bioy Casares é considerada uma das mais refinadas e elegantes da literatura ibero-americana.

Passeando pelas vertentes fantástica, policial e de ficção científica, o autor deve parte de seu reconhecimento a sua amizade com Jorge Luis Borges (1899-1986), de quem foi parceiro na literatura.

Em ensaio autobiográfico, Borges revelaria que um dos principais acontecimentos de sua vida foi essa relação.

Em entrevista à Folha em 1995, Casares resumiu o convívio: "Eu acreditava no surrealismo, na liberdade absoluta, e Borges me dizia que a liberdade estava limitada só pela inteligência. Graças a esse conselho, pude escrever o que escrevi".

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