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Datena mostra seu lado B em programa

Após 14 anos à frente de atração policial, apresentador eleva ibope da Band com game show bem-humorado

À Folha, criticou a TV Record, os quadros religiosos e o prefeito Kassab; falou ainda sobre ameaças de morte

ALBERTO PEREIRA JR.
DE SÃO PAULO

Há dois meses, o público que o acompanha perdendo a paciência com os bandidos conheceu um outro lado de José Luiz Datena.

Aos 55 anos, 14 deles à frente de programas policiais, ele levou sua voz grave ao game show "Quem Fica em Pé?", no ar na Band, e mostrou talento para o humor.

Inicialmente, Datena considerou o formato -um jogo de perguntas e respostas- "idiota". Hoje, eleva o ibope do canal de um ponto dos cultos evangélicos de R.R. Soares para picos de nove.

Em entrevista à Folha, o apresentador falou do novo sucesso e das ameaças que recebeu, cutucou a Record e o prefeito Gilberto Kassab (PSD).

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* Folha - O "Quem Fica em Pé?" é o tipo de programa que você sempre quis apresentar?*

José Luiz Datena - Não, pelo contrário. Achei até meio idiota quando me apresentaram. Falei que esse tipo de programa já tinha sido feito. O participante cai num buraco... O Diego [Guebel, argentino e novo diretor de conteúdo da Band] me mostrou que era uma atração simples, não idiota.

Está exibindo seu bom humor?

Por incrível que pareça, sou um cara bem-humorado. Sei fazer piada, sei brincar. Mas o cara me conhece do "Brasil Urgente"...

O formato lembra o "Show do Milhão", do SBT. O Silvio Santos é uma referência?

No primeiro programa que gravei, fiquei muito parecido com o Silvio. Aos poucos, fui me diversificando. Agora estou mais para Faustão.

Quando você entra no ar, a Band está marcando menos de um ponto com um culto...

A Band é uma emissora muito simpática e capaz. Evidentemente que o dono [Johnny Saad] sabe onde aperta mais seu calo, mas jamais colocaria programa religioso no horário nobre. Gosto muito do R. R. Soares. Até assistia a ele de madrugada, quando chegava de porre em casa, muito tempo atrás. Se a Record, que é uma emissora de igreja, não põe programa religioso no horário nobre, por que nós vamos colocar?

As ameaças de morte que recebeu o abalaram?

Não é questão de me abalar. Enchem meu saco. Não tenho medo de ameaça. É uma coisa covarde. Quem quer matar, não vai telefonar para a polícia avisando.

Já falou com o prefeito Gilberto Kassab, após afirmar que ele havia feito pressão na Band por conta das críticas que fez ao ex-assessor dele?

Não tenho nada contra o Kassab. Acho legal ele seguir a vida política dele e eu a minha. Ele começou a ter projeção aqui no "Brasil Urgente", quando enfrentava enchentes. Mas vou continuar tendo uma posição crítica. Isso eu não evito. Pessoalmente, acho que é um cara honesto. Tem errado mais do que acertado, mas, honesto, ele é.

Se pudesse mexer na grade da Band o que mudaria?

Recebi o conselho para calar a minha boca [risos]. Todo lugar que eu vou, quero mexer em programação. A única coisa que eu insisto é que não gostaria de ficar no "Brasil Urgente". O programa não é ruim, tem seu lado social. Mas é um horário muito difícil. Se eu não fosse louco, eu ficaria. Vejo uns apresentadores reclamarem de três, quatro horas de uma atração de domingo. Para mim, isso seria uma aposentadoria.

Como anda a programação da TV em geral?

Vou dizer uma coisa: se a Record fizesse televisão como faz igreja, ela batia a Globo, a BBC, de Londres, a ABC, nos EUA. Os caras reestrearam o "Cidade Alerta" e, por melhor que seja o Marcelo Rezende, é evidente que vai dividir ou ficar perto da minha audiência. O "Chaves" [SBT], que estava morto naquele horário, subiu e tomou o segundo lugar. A Record faz TV muito mal e não deixa as pessoas falarem quando vão para lá. Esse foi o meu caso.

Veja a íntegra da entrevista com Datena
folha.com/no1101564

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