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Darcy James e orquestra trazem sonoridade eclética ao Brasil

Maestro e pianista canadense se apresenta no BMW Jazz Festival

ADRIANA FERREIRA SILVA
DE NOVA YORK

Quando a Darcy James Argue's Secret Society ocupa o palco, só pelo número de artistas com instrumentos de sopro -são mais de dez-, deduz-se: é uma big band de jazz. Mas a performance começa e a guitarra revela influências de pós-rock, a percussão reproduz sons dos Balcãs, e o contrabaixo cria a atmosfera psicodélica do afrofuturismo.

Esta mistura inusitada os levou, em seu primeiro show, há sete anos, ao porão do extinto clube punk CBGB's, em Nova York; mas também os colocou na programação de eventos como o BMW Jazz Festival, no qual se apresentam neste domingo (São Paulo) e na quarta (Rio).

Parte do cenário "avant-garde", a big band foi indicada ao Grammy por seu primeiro disco, "Infernal Machines" (2009). Em 2010, a associação nova-iorquina de jornalistas de jazz lhes deu o prêmio de melhor grande orquestra e, ao criador, o maestro e pianista canadense Darcy James, o de "revelação".

A sonoridade, explica James, 37, é reflexo do local onde ele recebeu a Folha para um café, o Brooklyn, bairro nova-iorquino que, na última década, consolidou uma das cenas mais importantes para a música pop. Dali veio o discopunk do LCD Soundsystem, o afrorock do TV on the Radio e o psicodelismo de MGMT.

James contribuiu com sua formação em piano e sua paixão por big bands, herança de um professor, o músico Bob Brookmeyer (1929-2011), conhecido por escrever arranjos para grandes orquestras, seguindo a tradição de Duke Ellington e Stan Getz.

"Como pianista, eu fazia pequenas peças para serem acompanhadas por baixo, bateria e saxofone. Depois que conheci Bob, descobri que minha voz como compositor ficava mais clara quando escrevia para big bands", explica.

James cria pensando nos 18 parceiros que formam a Secret Society. Graças a essa pequena multidão, seus espetáculos são impactantes, com os músicos vibrando seus instrumentos juntos ou em solos, improvisando ou seguindo os comandos de James.

Em sua estreia no país, eles mostram faixas do próximo álbum, "Brooklyn Babylon", criado como espetáculo multimídia em parceria com o artista croata Danijel Zezelij.

Trata-se de uma animação sobre a construção do maior carrossel do mundo, encenada em novembro de 2011, mesclando cenas pré-gravadas à outras feitas ao vivo, enquanto a orquestra tocava.

"Ao final, pensamos: 'uau, como será ouvir as cançōes sozinhas?'. Descobrimos que tinham vida própria", afirma James. "Mas Danijel já está preparando uma graphic novel para sair na mesma época, em 2013."

Como se passa no Brooklyn, diz ele, "alguns trechos evocam o dancepunk de LCD Soundsystem; outros têm 'beats' da Croácia, onde Danijel nasceu. Aqui tudo é muito inspirador. Tentamos mostrar isso de alguma maneira."

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