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Curador 'pichado' chama ato de diálogo

Artur Zmijewski define como 'conversa em cores' troca de tintas ocorrida entre ele e o brasileiro Cripta Djan em Berlim

Paulistas convidados para bienal alemã picharam igreja onde dariam workshop; local fechou para restauro

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

"Foi uma conversa em cores", brincou o curador da 7ª Bienal de Berlim, Artur Zmijewski, sobre o episódio em que ele e o pichador brasileiro Cripta Djan, 26, atiraram tinta um contra o outro.

A briga ocorreu após um workshop do grupo paulistano Pixação, programado para o último sábado, que terminou com as paredes do local, de fato, pichadas e uma ação da polícia local.

"Após a discussão, um de nós estava azul, o outro, amarelo", completou Zmijewski.

A ação se deu na igreja Santa Elizabeth -um sítio histórico sem atividade religiosa-, local escolhido para workshops de pintura.

Zmijewski afirma que o workshop foi proposto pelo grupo brasileiro. Cripta nega: "Foi uma exigência da curadoria da Bienal berlinense".

"Nós avisamos que era impossível demonstrar a pichação fora do contexto da transgressão. Então foi o que fizemos", justifica ele, que também articulou ações de 'pixo' na Bienal do Vazio 2010.

Impedido por seguranças de continuar as pichações, Cripta e o curador se atacaram.

"Eles [os pichadores] foram alertados que pintar as paredes da igreja incorria em dano, além de colocar em risco o público", relatou Artur Zmijewski por e-mail.

Segundo o curador, foi por isso que os guardas chamaram a polícia. "Eles (os pichadores) explicaram depois que foi um 'ato de transgressão', mas esse ato resultou no fechamento da igreja, que não é da Bienal de Berlim, e em altos valores a serem pagos para empresas profissionais que vão restaurar o local", explicou Zmijewski.

Nas respostas dadas à Folha, Zmijewski pareceu não ter se incomodado com a guerra de tintas, já que ele também atacou Cripta.

Para ele, no entanto, a ação dos pichadores pareceu fora de contexto: "O objetivo final dos pichadores é autopropaganda de políticas da pobreza e da luta da classe baixa contra os ricos no Brasil".

Segundo o curador, o contexto alemão é diferente. "A igreja é propriedade de uma sociedade civil, cujo objetivo é coletar dinheiro para renovar prédios históricos e abri-los para distintas atividades culturais do público."

"Para nós, organizadores, foi uma participação decepcionante", concluiu.

Além da Bienal alemã, o grupo de pichadores brasileiros deu duas palestras em universidades de Berlim, a Freie Universität e a Universität der Künst.

FOLHA.com

Veja álbum de fotos da pichação em Berlim
folha.com/no1104025

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