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Autor ambiciona filmar as obras que fez para os palcos

Além de 'Bandeira de Retalhos', Sérgio Ricardo quer levar às telas a peça sinfônica que fez com texto de Drummond

Ele, que dirigiu quatro longas e compôs trilha para filme de Glauber Rocha, diz que cinema reúne todas as artes

DO ENVIADO AO RIO

Apaixonado pelo trabalho, enquanto correram os ensaios da peça recém-estreada, Sérgio Ricardo caminhou, todos os dias, os cerca de 500 metros que separam seu pequeno apartamento do Casarão, a sede do grupo Nós do Morro no Vidigal.

Ele relata a experiência junto ao grupo de atores, que tem João Gurgel, seu filho, no papel do protagonista, Tuim.

"Como eu dirijo cinema, dei palpite à beça. A direção musical ficou a meu cargo, então peguei cenas já prontas e fui medindo o tempo, testando a música, para ver se era aquilo mesmo", conta.

Antes de "Bandeira de Retalhos", Sérgio Ricardo já havia se empenhado em outro projeto cênico, a montagem de "Estória de João Joana", único texto em cordel do poeta Carlos Drummond de Andrade, que o músico transformou em peça sinfônica.

O espetáculo foi apresentado em março, em Brasília, com execução musical a cargo da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, com participação de Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.

Isso já é passado remoto para o autor de "Zelão", música considerada um dos marcos da canção de protesto no Brasil, que agora sonha com outras criações.

"Eu quero ainda fazer dois filmes. Esse 'Bandeira de Retalhos' e 'João Joana' são dois projetos que já estão nascendo aí, vamos ver se eles viram cinema. Estou louco para ir para o cinema."

Diretor de quatro filmes, autor da trilha de "Deus e o Diabo da Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha, Sérgio Ricardo considera o cinema uma espécie de arte-síntese.

"É no cinema que eu junto todas as minhas tentativas artísticas. Tem pintura no cinema, nele você lida com fotografia, com as artes plásticas. E escreve também, faz o roteiro, tem a poesia, a música no cinema. Tudo é cinema."

Num balanço geral, ele resume: "Eu vivo, fracionadamente, um cinema que eu não estou fazendo, porque eu gostaria de estar fazendo cinema o tempo todo".

"Eu vejo pela peça, eu estou delirando ao fazer essa peça aqui porque eu dou palpite no ator, dou palpite no cenário, dou palpite na direção. Eu escrevi a história, estou fazendo a música dela e dirigindo a parte musical."

E conclui: "Eu estou na maior felicidade, eu não posso chegar aos 80 anos com mais felicidade do que estou sentindo agora. Então não tenho por que reclamar de coisa alguma".

(RODOLFO LUCENA)

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