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Exposição em Caruaru cria labirinto para explorar o lado pop de Gonzagão FÁBIO GUIBUENVIADO ESPECIAL A CARUARU (PE) Uma exposição em comemoração ao centenário de Luiz Gonzaga, em Caruaru (a 136 km de Recife), homenageia o lado pop e contemporâneo do sanfoneiro, com a releitura de sua obra por artistas como Arnaldo Antunes, Otto e Naná Vasconcelos. A mostra não leva o nome de Gonzagão, e ele tampouco aparece nas 500 fotos e vídeos. Uma sanfona que o músico deu a Dominguinhos é a única referência material do homenageado na exposição. "Nossa intenção é mostrar o lado B do rei do baião, suas referências universais, e não o chapéu que ele usou em vida", disse a idealizadora e curadora da mostra, Lina Rosa. "Aqui, sua alma pop está impressa em todo local." A mostra "Baixio dos Doidos" -nome da localidade onde Luiz Gonzaga nasceu- foi montada em 22 contêineres, agrupados em labirinto. A estrutura forma dez ambientes decorados e sonorizados de formas distintas. Em oito salas, as músicas do sanfoneiro tocam sem parar. Na entrada e na saída, duas radiolas oferecem um cardápio de temas do homenageado. NORDESTINÊS Na sala dedicada à obra "ABC do Sertão" (1953), Arnaldo Antunes recita o "nordestinês" de Gonzaga: palavras como "estrupício", "greia" e "fulerar", das quais o visitante vê a "tradução" ao espiar por fendas na parede. No recinto que lembra "Siri Jogando Bola" (1956), Jorge du Peixe, da Nação Zumbi, transforma o baião em mangue beat. "É a universalidade do trabalho do Gonzaga. Ele é Beatles", disse Naná Vasconcelos ao visitar a mostra, na última quarta. O percussionista participa da exposição no ambiente que saúda "Samarica Parteira" (1973). Usa onomatopeias tiradas de composições do sanfoneiro, enquanto palavras como "tum" e "tirum" são projetadas com estrelas em paredes, teto e chão. Em outras salas, as músicas aparecem ainda interpretadas com sanfonas, em ritmo de brega e comentadas por travestis e drag queens. "Asa Branca" é tocada por artistas de formação erudita em contrabaixos acústicos. A mostra termina com "A Morte do Vaqueiro" (1963), homenagem a um sertanejo assassinado em 1954. Apenas a voz de Dominguinhos ecoa na sala, sem instrumentos. O som de fundo é produzido pelos visitantes ao passar entre os 500 chocalhos de bode pendurados no teto. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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