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Nos fundos da Barra

Em movimento semelhante ao ocorrido na praça Roosevelt há dez anos, Barra Funda começa a virar polo teatral paulistano

Lenise Pinheiro/Folhapress
Barra Funda vista da sede do grupo de teatro São Jorge
Barra Funda vista da sede do grupo de teatro São Jorge

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Barra Funda, bairro da zona oeste de São Paulo, passa por um processo de ocupação semelhante àquele que, há cerca de dez anos, contaminou a praça Roosevelt.

Já são cinco os grupos de teatro que se instalaram na vizinhança do Memorial da América Latina e do velho Theatro São Pedro, articulando um possível novo polo das artes cênicas de São Paulo.

Em 2007, o coreógrafo Sandro Borelli abriu uma sala de apresentações de dança no bairro, no mesmo período em que o grupo São Jorge chegou à rua Lopes de Oliveira.

Logo depois foi a vez de o grupo Tapa encontrar seu cantinho na região. E, mais recentemente, aportaram na Barra Funda a Casa Laboratório de Cacá Carvalho e o Núcleo Experimental de Teatro.

Aluguéis baixos e imóveis espaçosos são chamarizes citados pelos artistas que fazem parte desse movimento.

Dos cinco novos endereços, o do Tapa é o único que não se destina a apresentações. É um depósito de cenários, embora a sala de ensaios no piso superior seja ocupada também por oficinas.

"Procuramos imóveis em vários lugares da cidade e gostamos daqui. A Barra Funda é cheia de restaurantes e bares, e é um bairro legal do ponto de vista afetivo", diz o diretor da companhia, Eduardo Tolentino.

A duas quadras do Tapa, há três meses, o Núcleo Experimental abriu sua nova sede, em um galpão que já foi usado como gráfica e, segundo a vizinhança, como depósito de uma fábrica de doces.

O novo espaço inclui um charmoso café, com expresso e salgados vegetarianos, e um sala de apresentação para até 60 pessoas, onde está sendo exibida a peça "Bichado", com texto do americano Tracy Letts.

Com uma boa dose de otimismo, o diretor do grupo, José Henrique de Paula, pretende estabelecer um diálogo com as companhias vizinhas.

"Não queremos ser um elemento invasivo e queremos integração com o bairro também", diz. "Temos, sim a expectativa de que um polo seja criado aqui", completa.

A ideia de integração com a vizinhança norteou ainda a concepção do espetáculo "Barafonda", que o São Jorge apresentou nas ruas do bairro até o último sábado.

Itinerante, a montagem fazia um percurso de cerca de 2 km. Os intérpretes ocupavam espaços públicos e entravam em estabelecimentos de pequenos comerciantes.

A companhia tem a intenção de voltar a apresentar o espetáculo, mas ainda depende de patrocínio.

Segundo Patrícia Gifford, uma das atrizes do grupo, a ideia de estabelecer uma relação com vizinhos e com a rua é antiga.

A sede da companhia, que era antes uma oficina de carros, não tem estrutura de iluminação e som, mas já foi ocupada pela montagem "Quem não Sabe mais Quem É, o Que é e Onde Está Precisa se Mexer". Também ficaram conhecidas ali as festas juninas que a companhia organizou na rua.

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