Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Peças iluminam símbolos da transgressão "Estamira" conta a história de catadora de lixo revelada em documentário; "Aberdeen" relembra Kurt Cobain Nas duas montagens, relatos dos personagens se misturam a questionamentos pessoais dos atores GABRIELA MELLÃOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Estreiam em São Paulo dois solos biográficos com depoimentos pessoais. "Estamira", de Beatriz Sayad e Dani Barros, contempla Estamira, a catadora de lixo dotada de retórica messiânica revelada por Marcos Prado em documentário de 2005. Entra em cartaz nesta sexta-feira. Já "Aberdeen - Um Possível Kurt Cobain", escrito por Sérgio Roveri, estreia no dia 7 com memórias do líder da banda Nirvana, que cometeu suicídio em 1994. Em ambos, testemunhos de vida dos artistas em cena infiltram-se no relato das jornadas dos personagens. "Estamira é uma espécie de Mulher Maravilha de verdade. Por meio dela falo o que estava engasgado em mim havia tempos", diz Dani Barros. Para a intérprete, vencedora do Prêmio Shell carioca de atriz, levar Estamira ao teatro significa não só dar voz a uma personalidade avessa aos padrões de normalidade que ditam o comportamento social mas também entrar em contato com sua própria história. Sua mãe tinha depressão e amargou a mesma falta de escuta por parte dos médicos que Estamira enfrenta. O olhar crítico ao sistema público de saúde sempre existiu no trabalho de Barros e Sayad. Ambas foram do Doutores de Alegria (clowns que percorrem hospitais visitando crianças internadas). O discurso filosófico da catadora surge como estopim da dramaturgia de "Estamira", que toma emprestadas percepções singulares de mundo do dramaturgo e diretor francês Antonin Artaud (1896-1948) e do poeta brasileiro Manoel de Barros. TODOS SOMOS COBAIN Em "Aberdeen", o ator Nicolas Trevijano também se serve da trajetória de permanente insatisfação de Kurt Cobain para falar sobre uma crise pessoal. "A crise de 27 anos de Kurt Cobain é a mesma crise de 40 anos do Nicolas e de toda a humanidade", diz José Roberto Jardim, que se aventura pela primeira vez na direção. "Usamos Cobain como porta-voz das angústias do homem de hoje, inquietações que são também nossas", corrobora o dramaturgo Roveri. "Aberdeen" compõe uma biografia não convencional. O personagem se revela num tempo suspenso: após o suicídio e antes de seu corpo ser encontrado. O texto descortina a personalidade frágil do líder do Nirvana, mas é sobretudo a síntese poética do vazio do homem contemporâneo. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |