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A espiã que amava

Britânico Ian McEwan, que estará na Flip, fala de seu novo romance, "Serena", publicado no Brasil antes do que no resto do mundo

Adam Butler - 8.fev.05/Associated Press
Ian McEwan posa para foto em sua casa, em Londres
Ian McEwan posa para foto em sua casa, em Londres

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Toda história de amor é uma história de espionagem.

Acreditando nessa tese, o escritor britânico Ian McEwan, 64, foi direto ao assunto e resolveu ambientar seu mais recente romance, "Serena", nos bastidores do MI5, o famoso serviço secreto do Reino Unido.

"Ninguém, por mais sincero que seja, diz inteiramente o que sabe numa relação. O medo de perder o outro faz com que se ocultem ou se recriem realidades. Isso não é necessariamente mau, é parte do encanto de estar apaixonado", disse McEwan à Folha, por telefone, de Londres.

Lançado antes no Brasil do que no resto do mundo, o romance chega às livrarias nesta semana e será apresentado pelo autor na Festa Literária Internacional de Paraty, em julho. Só a partir de agosto sai na Inglaterra e nos EUA.

McEwan, ganhador do Booker Prize por "Amsterdã" (1998) e autor de "Reparação" (2001) e "Sábado" (2005), volta ao evento após ter se apresentado nele em 2004, com Paul Auster e Martin Amis.

Agora, fará com Jennifer Egan, no sábado (7/7), uma das primeiras mesas a se esgotarem nesta edição da Flip.

O romance acompanha, na década de 70, a jovem agente secreta Serena Frome em sua missão: arregimentar um escritor para que ofereça, em suas obras, determinadas visões de mundo.

Há um detalhe: para isso, Serena terá de adotar uma falsa identidade, e o autor escolhido não deverá ficar sabendo que será usado.

Só que a agente se apaixona pelo escritor e, quando percebe, é tarde demais para revelar seu verdadeiro propósito. Ela tem de fazer de tudo para manter a farsa.

"Eu tinha uma ideia fixa sobre retratar uma mulher no serviço secreto, há muitos anos. Essa me parece a melhor forma de investigar a paixão feminina."

A construção de Tom Healey, o autor, é em parte inspirada em George Orwell (1903-1950). Orwell foi também um colaborador do serviço secreto inglês, denunciando intelectuais ligados ao regime soviético. Trata-se de um escritor muito admirado por McEwan e sua geração.

"Não vejo sua colaboração como algo que macule sua obra. Ele era um esquerdista pró-democrático e antissoviético e agiu em concordância com suas ideias."

O romance se desenrola no ambiente sufocante e burocrático do grande órgão de espionagem.

"É um território propício para testar reações humanas. Com diferentes gradações, a maioria das pessoas passa suas vidas em lugares como um órgão de serviço secreto, com escritórios, hierarquias, e aí se relacionam e se apaixonam. É por isso que novelas de espionagem são tão populares", diz McEwan.

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