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10ª Festa Literária Internacional De Paraty

"Maior mérito foi não crescer demais"

Para Liz Calder, criadora da Flip, aumento do público não tira da festa caráter de celebração íntima da literatura

Editora recorda grandes momentos do evento e comenta nomes que nunca conseguiu trazer, como Carlos Fuentes

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

O sucesso da Flip parece surpreender a todos, menos à inglesa Liz Calder, uma das fundadoras da festa. Calder não é do tipo que se surpreende à toa. Foi ela, afinal, quem revelou uma então desconhecida autora inglesa chamada J.K. Rowling. Hoje, Rowling vendeu 400 milhões de livros da série "Harry Potter", e a Flip faz dez anos.

"Acho que o maior mérito da Flip foi nunca ter crescido demais", diz Calder.

"O nome já diz, a Flip é uma 'festa', uma celebração da literatura. O que tem se tornado grande é o público. Mas são sempre 19 eventos na programação principal da Flip, e não 200 ou 300, como em outros festivais. Isso permite que seja mais íntima. Gosto muito do fato de não termos eventos simultâneos."

Calder revela que já convidou a própria J.K. Rowling, que não pôde aceitar. "Pensando bem, acho que teria sido difícil gerenciar isso", diz. "Talvez tenha sido um alívio ela não ter aceitado", completa, antes de cair na risada.

Questionada sobre os momentos mais marcantes dos dez anos da Flip, Calder lembra as leituras de poesias de Ferreira Gullar e Adélia Prado, de Enrique Vila-Matas lendo Fernando Pessoa, o debate com David Grossman, em 2005, e os encontros de Nadine Gordimer e Amós Oz, em 2007, e de Paul Auster com Chico Buarque, em 2004.

"Havia pessoas tentando escalar a tenda para ver Chico de perto, foi caótico", diz.

Na programação deste ano, Liz Calder diz que está ansiosa pelo debate de Jackie Kay. "O público vai se surpreender muito com Jackie Kay. Já tive a oportunidade de ver um debate com ela, e ela é muito engraçada. Jonathan Franzen está num grande momento e certamente será muito bom vê-lo. Gosto muito também dos livros de Jennifer Egan e Javier Cercas."

Entre os autores que sempre sonhou trazer a Paraty, mas ainda não conseguiu, Calder destaca Philip Roth, Gunter Grass, Alice Munro, Doris Lessing e Umberto Eco.

E lamenta o fato de Carlos Fuentes ter cancelado três vezes. "Ele era um palestrante maravilhoso, teria sido eletrizante", diz Calder. "Mas agora ele morreu e tem a melhor desculpa para não vir."

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