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FIT Rio Preto se volta para performances

Festival internacional de teatro evita fixar fronteiras entre campos artísticos e propõe eixo temático político

Consolidado como uma das principais mostras do país, evento começa hoje com "Romeu e Julieta", do Galpão

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mais comum em galerias e museus de arte, a chamada ação performática desnuda consigo rótulos singulares. Performance não é exatamente teatro. Artes plásticas, quem sabe, seja um gênero vizinho.

Pois na edição do Festival Internacional de Teatro de Rio Preto (SP), que começa hoje e segue até o dia 14, essas fronteiras estão esfaceladas. E, segundo Beth Lopes, uma das curadoras do evento, o olhar voltado para a performance se combina com uma outra identidade: a de um eixo temático político.

Em texto de apresentação do festival, o time de curadores fala em "tomada coletiva das ruas", citando as populações que se articularam pela internet e criaram movimentos para tentar "derrubar ditaduras sanguinárias no norte da África".

Um espetáculo exemplifica os conflitos vividos para os lados do Oriente Médio, mais especificamente do Irã. "White Rabbit, Red Rabbit" (dias 12, 13, e 14) expõe o drama do dramaturgo Nassim Soleimanpour, que se recusou a servir o exército e, tendo seu passaporte negado, não consegue deixar o país de origem.

Realizado desde 2002, o FIT se consolidou como uma das principais mostras internacionais do país. O festival não tem o mesmo porte do Porto Alegre em Cena (RS), mas faz apostas ousadas, voltadas para novas linguagens.

Com um porém: tornou-se protocolar (e um pouco entediante) abrir festivais com teatro de rua; e a edição começa hoje justamente com a retomada de um hit dos anos 1990, o espetáculo "Romeu e Julieta", do grupo Galpão.

As novidades começam mesmo amanhã, com a companhia sérvia Kosztolányi Dezsõ Theatre, que apresenta "The Hardcore Machine", baseado no texto "Buckower Elegies", de Bertolt Brecht (1898-1956).

Trata-se de uma ação de uma hora, sobre uma proletária que lixa suas unhas após vestir luvas.

O espetáculo se basta com poucos objetos e um intenso trabalho físico de quatro intérpretes.

Remete ao teatro pobre de Jerzy Grotowski (1933-1999), que estará representado no evento pela companhia que o diretor polonês fundou na Itália e que após sua morte passou a ser comandado por Thomas Richards.

O Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards apresenta três espetáculos: as performances "Eletric Party Songs" (amanhã e sexta), "I Am America" (dias 10 e 11) e "The Living Room" (dias 9, 10 e 11). Neste último, o espectador é convidado a participar da cena levando consigo bebidas e comidas. Música também é um elemento que une os três trabalhos.

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