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Crítica Drama Longa israelense confronta os fracassos e absurdos da guerra ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Frequentado pelos cruzados no século 13, o castelo de Beaufort -fortaleza situada no Líbano, perto da fronteira com Israel- tornou-se um símbolo da invasão israelense ao país árabe, em 1982. A ofensiva, que pretendia fustigar a OLP, acabou provocando um conflito generalizado, a Guerra do Líbano, uma das mais contestadas campanhas militares israelenses. O filme de Joseph Cedar conta as últimas semanas da presença militar israelense na fortaleza, abandonada em maio do ano 2000. Durante a ocupação, o exército construiu um labirinto de túneis e galerias subterrâneas, dando ao castelo um aspecto de sinistra estação espacial. Aos poucos, o medo e o desânimo dominam esses personagens vulneráveis, perdidos no alto de uma montanha deserta em um país hostil. O filme descreve muito bem esse entorpecimento ao alongar a duração das cenas -em que pouca coisa acontece- ao sonegar dados espaço-temporais, ao jamais mostrar os inimigos. Quando chega a ordem de encerrar os 18 anos de ocupação, a missão dos soldados é preparar a saída sem que ela pareça uma retirada. Afinal, a ocupação de Beaufort simboliza a supremacia, a obstinação do exército israelense, que se recusa a ceder um milímetro de terreno, mesmo sendo obrigado a usar bonecos no lugar de vigias, por falta de soldados. Lugar estratégico, o castelo separa duas gerações de israelenses: aquela que o conquistou em uma guerra que traumatizou o país, e a que o abandonou sem glória. Mas o filme mostra que o castelo também simboliza a ineficiência da ocupação, o absurdo da guerra, a impotência dos soldados. Arapuca colossal -que encurrala quem deveria proteger-, cercada pelo inimigo invisível, Beaufort funciona como personagem e uma potente metáfora do próprio Estado de Israel. Beaufort continua pesando na memória dos israelenses. Quando o exército fez outra incursão no Sul do Líbano, em 2006, a fortaleza foi cuidadosamente evitada. BEAUFORT DIREÇÃO Joseph Cedar PRODUÇÃO Israel ONDE Reserva Cultural e Espaço Unibanco Pompeia CLASSIFICAÇÃO 12 anos AVALIAÇÃO bom Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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