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10ª Festa Literária Internacional de Paraty Na Flip, Jennifer Egan fala de arte, caos e tecnologia Escritora premiada com o Pulitzer lança "O Torreão", romance em que discute os dilemas da vida moderna Em Paraty, a autora de 'A Visita Cruel do Tempo' participa hoje de debate com o britânico Ian McEwan GUILHERME BRENDLERDE SÃO PAULO Dias antes de vir para a Flip, a escritora norte-americana Jennifer Egan, 49, demonstrou uma preocupação salutar: "Qual a temperatura no Brasil durante o inverno?". A pergunta é mais do que válida, pois Egan, que fala ao público hoje, às 19h30, trouxe consigo os dois filhos, Emmanuel, 11, e Raoul, 9. Ao lado da previdência maternal, com a curta vinda ao Brasil, aflora em Egan outra preocupação comum: a do autor que, após ser reconhecido por um livro (no caso dela, "A Visita Cruel do Tempo", premiado com o Pultizer e lançado no Brasil em 2011), traz a público outro título. "O Torreão" -que saiu nos EUA em 2006 e é, portanto, anterior a "A Visita"- conta a história de um nova-iorquino viciado em internet que vai à República Tcheca ajudar um primo a transformar em hotel um castelo que comprou. Egan divide a mesa na Flip com o escritor britânico Ian McEwan, 64. "Estou muito ansiosa para esse encontro. Adoro o trabalho dele. Desde a faculdade eu acompanho o trabalho do Ian, quando o escutei falar pela primeira vez." Egan espera ter maior contato com seus leitores brasileiros durante a Flip. Ela descreve como "ótimo" saber que existe uma série de pessoas dispostas a ler o que escreve. Porém, apesar de afirmar que é uma opção sua estar conectada aos leitores, falando e ouvindo o que têm a dizer, Jennifer Egan se preocupa com o tempo que os eventos podem roubar à escrita. "Acho que a hora de parar de fazer isso está realmente chegando, mas, ao mesmo tempo, estou feliz que o livro ['A Visita Cruel do Tempo'] tenha ido tão bem no Brasil." HIPERCONECTIVIDADE Em "O Torreão", um dos protagonistas, Danny, é viciado em tecnologia. Fica aflito quando não consegue fazer ligações ou usar a internet. Egan conta que, no livro, estava interessada no contraste entre a hiperconectividade e aquilo que é arcaico. No caso de "O Torreão", a distância tecnológica se materializa em uma região remota do Leste Europeu. "Acabei por descobrir algo realmente importante, mas a respeito do que eu nunca tinha pensado, até então. Nossa comunicação é fantasmagórica. Nos comunicamos o tempo todo com pessoas que não vemos e que não estão por perto", explica. O fenômeno que Egan retrata só se intensificou após a publicação do livro, com o surgimento de dispositivos móveis de acesso à internet, como smartphones e tablets. "Acho que o vício em tecnologia sempre existiu. Meu livro não é pioneiro ao tratar desse assunto, mas hoje nos EUA é muito comum esse comportamento", conta. Como toda mãe atenta, o tema é muito caro a Jennifer Egan. Viver em função de um "gadget", opina, pode ser "um hábito meio perigoso". "Meus filhos são muito atraídos por tecnologias e sempre digo a eles que as pessoas capazes de produzir algo interessante nos dias de hoje são aquelas que conseguem controlar o desejo de estar on-line o tempo inteiro", reflete a escritora. "Se você está conectado o tempo inteiro, não consegue focar no que está fazendo. E, se não foca naquilo que está fazendo, não consegue fazer algo interessante", resume.
O TORREÃO
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