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Análise

Série mostra insignificância a qual cargo está submetido

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

É quase como se Elaine Benes deixasse uma série de TV sobre o nada e achasse um emprego sobre o nada.

Mudaram cabelo e guarda-roupa, mas Selina Meyer, a vice-presidente de uns EUA nem tão fictícios assim em "Veep", guarda as tiradas sarcásticas, o desprezo pela humanidade e a falta de foco de sua antecessora nova-iorquina "hipster" (antes de "hipster" existir) de "Seinfeld".

A vice vivida por Julia Louis-Dreyfus é muito mais Elaine do que Sarah Palin ou Hillary Clinton ou qualquer estereótipo sobre mulheres no poder, e aí está o gênio da série: a questão se centra no cargo e na liturgia da insignificância à qual se submete.

Dá para imaginar o atual ocupante do posto, o ex-senador Joe Biden, ou mesmo Al Gore em versão pré-ambiental e Dan Quayle (vice de Bush pai), na sala antiquada de Selina, às voltas com assessores aparvalhados e à espera de uma ligação presidencial que nunca vem.

Só não dá para imaginar Dick Cheney, mas poucos vices nos EUA tiveram o papel de eminência parda que o número dois de Bush filho teve.

O papel do vice, que também preside o Senado e tem direito a um voto de minerva rarissimamente necessário, é provavelmente o mais paradoxal da política americana.

Na campanha presidencial, seu nome vale ouro para atrair grupos-chave do eleitorado; é escolhido por um longo e sigiloso processo, que culmina com um anúncio lançado como trunfo.

Mas, após o pleito, em novembro, é quase esquecido.

Biden, por exemplo, estrela mais as manchetes do jornal satírico "The Onion" do que as da imprensa real, e a maior preocupação do governo a seu respeito parece ser impedi-lo de cometer gafes.

No campo republicano, o candidato Mitt Romney deve em breve anunciar seu companheiro de chapa, numa lista que inclui mulheres, latinos, jovens e políticos de Estados cruciais para a vitória.

Ainda em dúvida sobre o quanto a escolha afeta a campanha mais do que o rumo do país? Pense em Sarah Palin.

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