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Concertos em Campos destacam composições de Heitor Villa-Lobos

Peças do brasileiro estiveram em quatro de dez apresentações do 2º fim de semana do 43º Festival

Quarteto Radamés Gnattali, Orquestra do Festival e Sinfônica Municipal de São Paulo foram alguns destaques

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) não escreveu a principal peça de nenhum dos dez programas deste último fim de semana, no 43º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Mas foi interpretado em quatro deles. E de modo exuberante.

O violoncelista Antonio Meneses e o violinista Cláudio Cruz fizeram do compositor, no domingo, "Choro Bis para Violino e Violoncelo", antes de se juntarem ao pianista José Feghali em récita que terminou com uma preciosidade do do repertório camerístico, o "Trio", op. 49, de Felix Mendelssohn.

Villa-Lobos também esteve com suas "Bachianas nº 7", no concerto da Sinfônica Municipal de São Paulo. O resultado, muitíssimo bom, provavelmente reflete o sangue novo da orquestra, com o preenchimento, por jovens, de uma dezena de vagas abertas por aposentadorias.

Mas o maestro Abel Rocha atribui o resultado à "retomada da rotina de trabalho" dos músicos, condenados por três anos a agendas instáveis e ao nomadismo, durante o fechamento para reforma do Theatro Municipal.

O Quarteto Radamés Gnattali fez o "Quarteto nº 3", ("Pipoca"), que Villa-Lobos escreveu aos 29 anos. É uma peça engraçada, em que as cordas beliscadas pelos quatro músicos em um dos movimentos imita a sonoridade desordenada das pipocas que estouram numa panela.

O Coro de Câmara da Osesp incluiu três canções do compositor, escritas na ultima década de sua vida.

Entre os demais destaques, a Orquestra do Festival, chamada no passado de Orquestra Acadêmica, saiu-se surpreendentemente bem, no sábado, no primeiro de seus três programas até o fim do mês.

Os bolsistas se conheceram na segunda-feira anterior e ensaiaram por somente quatro dias. Mas seus atributos individuais foram bem amarrados pelo maestro britânico Richard Amstrong.

Fizeram Wagner, Dvorak e, com a soprano alemã Suzanne Bernhard, uma leitura de grande delicadeza dos "Rückert Lieder", de Mahler.

A Camerata Fukuda, habitual padrão de afinação e musicalidade de suas cordas, teve o refinamento de se calibrar à acústica da igreja em que se exibiu por meio da reformulação das marcações de dinâmica (intensidade dos sons), na "Serenata", op. 48, de Tchaikovski, uma das três peças do programa.

Uma palavra sobre a Orquestra de Metais Lyra de Tatuí, raramente presente na mídia. Não é apenas um projeto social para crianças e adolescentes de escolas públicas, lançado há dez anos por Adalto Soares, ex-trompetista da Osesp.

É um projeto musical de muito boa qualidade. Com 72 músicos em concerto no sábado, nenhum problema de afinação em instrumentos sempre dengosos, como trompas, tubas ou trombones.

A Osesp reapresentou, NO domingo à noite, o "Concerto para Violoncelo Elétrico", de Enrico Chapela, com o solista Johannes Moser e regência de Marin Alsop. O próprio instrumento é meio inusitado. O público se dividiu entre perplexos e entusiastas. Pelos aplausos, o segundo grupo foi mais numeroso.

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