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Música

Miranda Kassin se diz vingada com novo disco autoral

Em "Aurora", cantora estreia como compositora e critica quem a cobrava por ser apenas uma intérprete

Álbum, que tem produção e parcerias com Mauro Motoki, traz letras despretensiosas e vocais mais contidos

ADRIANA FERREIRA SILVA
DE SÃO PAULO

Miranda Kassin, 31, está vingada. Com um disco de canções escritas por ela, lançado na semana passada, a paulista se sente integrada a lista de "jovens cantoras da MPB", cena da qual ela era preterida por não possuir um trabalho autoral.

"Eu ficava 'p...' da vida quando me cobravam por não cantar músicas minhas. Tinha vontade de gritar que Etta James, Elis Regina, Gal Costa, Ney Matogrosso são todos intérpretes, que não têm composições próprias. Por acaso eles são menos importantes por isso?", desabafa.

"Todos os projetos ou reportagens que tratavam de cantoras da minha geração me excluíam. Tem muita coisa legal, mas também tem muita 'm...' por aí. Não basta colocar uma letra no papel e cantar", diz Miranda. "Faço shows lotados, e não me conformava de não ter o mesmo espaço porque eu era 'apenas' uma intérprete."

O álbum "Aurora" vem para livrá-la do carma de ser conhecida somente como a cover de Amy Winehouse, personagem que Miranda incorpora há quatro anos, em tributos às divas do soul que lotam o clube paulistano Studio SP, onde ela faz temporada desde 2008, além de teatros e festivais em diversas cidades brasileiras.

Da mesma maneira que assumiu o risco de levar Amy ao palco, ao gravar "Aurora", Miranda despiu-se de todas as suas influências para produzir faixas que ela classifica como "sem gênero".

Neste processo, ela, o produtor e parceiro Mauro Motoki e outros músicos se isolaram num sítio em Campo Limpo Paulista (SP), em julho do ano passado, tocando e compondo.

"Queríamos que 'Aurora' nascesse no sítio, sem os vícios e referências de nossos projetos. Sou apaixonada pela soul music. O André [Frateschi, marido de Miranda] é ligado ao rock. Mas fizemos questão de deixar todos esses estilos para trás", explica.

"Aurora" é um trabalho despretensioso, com letras simples, que têm uma "alma feminina" e tratam de dramas verdadeiros, como a morte do pai de Miranda ("Driving Alone"), ou passageiros, descritos na saga de desencontros amorosos "Cada um com o Seu" (parceria com Motoki).

Os vocais, ao contrário dos vibratos e agudos que Miranda exibe quando canta soul, são contidos. "Não queria gritar para o mundo. Queria que fosse gostoso para os ouvidos, com a mesma simplicidade de Chico Buarque, por exemplo, que toca a alma das pessoas."

Amy só aparece mesmo no encarte, como a "madrinha de Miranda". "Mesmo tendo amado fazer meu 'Aurora', não quer dizer que não vou retomar minha carreira como intérprete. Mesmo porque, sem o cover, eu não teria grana para gravar", conta.

"Interpretar minhas próprias canções é muito legal, mas quando você canta a obra de outra pessoa, sente o espírito do compositor e o traduz para o mundo."

AURORA
ARTISTA Miranda Kassin
GRAVADORA independente
QUANTO R$ 18, em média

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