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Pé na bunda pé na estrada

Cineasta volta a locações para exibir 'Vou Rifar Meu Coração', longa sobre a trilha sonora da 'dor de corno'

MATHEUS MAGENTA
ENVIADO ESPECIAL A SERGIPE

Após 14 anos de relacionamento, a agricultora Maria Almeida Roma, 40, se viu abandonada pelo companheiro e, de repente, precisou aprender a viver sozinha.

Hoje, diz que a desilusão amorosa abriu uma ferida que teima em não fechar e que, apesar de seus sorrisos, é só tristeza por dentro.

"Começo a ouvir música brega em casa assim que meus filhos saem pra escola. Todas essas músicas de Amado Batista, Odair José... falam de um pedaço da minha vida. Às vezes, parece que foram escritas para mim", diz.

Ela é uma das personagens de "Vou Rifar Meu Coração", documentário de Ana Rieper que fala da música brega (ou romântica) por meio de seus artistas e das relações afetivas que pessoas comuns estabelecem com as canções. O filme estreia em 3 de agosto.

Disposta a exibi-lo para seus personagens, como Maria Almeida Roma, nas próprias locações do longa, a cineasta viajou pelo interior de Sergipe com um telão, um projetor e uma cópia do filme -como a Caravana Rolidei de "Bye, Bye, Brasil" (1980), filme de Cacá Diegues.

A maioria das quase 400 pessoas presentes nas exibições públicas, realizadas em quatro cidades no mês passado, nunca foi ao cinema.

"É incrível ver um filme assim, no escuro, com uma imagem grande dessa", relatou Inês Santos, 53, que assistiu ao filme de pé, em um circo lotado de Moita Bonita (SE).

Faltou assento no Águia Azul, circo que foi locação do filme por ter um cover de Amado Batista como atração. Adolescentes se espremiam na arquibancada montada com tábuas soltas de madeira, deixando para os adultos apenas cadeiras de plástico.

Os relatos ligados a temas comuns da música brega, como traição ou "dor de corno", prostituição e coração partido, provocaram uma reação instantânea do público.

"Deslizes" ("Não sei por que insisto tanto em te querer/ Se você sempre faz de mim o que bem quer") foi cantada quase que num "dueto virtual" com Fagner.

Houve também identificação com personagens. Foi o caso de Simone da Silva, 27, que se relaciona com um homem casado. "Mas não é por isso que vou deixar de amá-lo. Sou muito amada e feliz, como pessoas do filme."

O repórter viajou a convite da produção

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