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Busca por histórias percorreu 5.000 km

Circo de Sergipe que foi palco para Reginaldo Rossi no início da carreira virou locação para o documentário

Além dos personagens, filme traz entrevistas com artistas do gênero: Nelson Ned, Wando e Lindomar Castilho

Divulgação
Casal gay dança em cena de “Vou Rifar Meu Coração”
Casal gay dança em cena de “Vou Rifar Meu Coração”

DO ENVIADO ESPECIAL A SERGIPE

Conhecido pelos sucessos "Garçom" e "Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme", o cantor Reginaldo Rossi começou sua carreira nos anos 1960 cantando em circos no interior do país. Um deles, o Águia Azul, acabou virando locação do documentário "Vou Rifar Meu Coração".

"A nossa família já está na quinta geração de artistas de circo. Tudo começou quando meu pai fundou o Águia Azul. E a lona de circo sempre serviu como palco para esses artistas que, naquela época, não tinham onde se apresentar", disse Paulo da Silva.

O projeto do documentário surgiu há dez anos, pensado como dois longas: um justamente sobre Reginaldo Rossi e o outro sobre a sexualidade no interior do Nordeste a partir da música brega.

Ao longo do tempo, o projeto se transformou em apenas um longa de 76 minutos sobre música brega. A pesquisa por personagens começou em junho de 2010.

Foram percorridos mais de 5.000 quilômetros pelo interior de Sergipe e Alagoas, ao longo de cinco meses.

"Para fazer o filme, me afastei da crítica musical ou da história da música. Dizem que o brega sempre esteve de fora da história oficial da MPB, mas eu não quis falar disso, e sim do substrato dessas músicas", afirmou Ana Rieper, pouco antes da exibição do filme em Canindé do São Francisco (SE).

Ainda assim, os depoimentos de artistas como Odair José e Agnaldo Timóteo falam do preconceito sofrido pela música brega, ou romântica, como alguns deles a rotulam.

"Por que é chamada de brega? Só porque não foi gravada pelo Chico Buarque?", questiona Timóteo, em um trecho do documentário.

"A 'dor de corno' que o médico sofre é a mesma que o pedreiro sofre. A diferença é que o médico vai chorar em uma mansão e o pedreiro vai chorar em um barraco", argumenta Odair José.

FESTIVAIS

Em sua exibição no Brasil e no exterior, "Vou Rifar Meu Coração" foi aplaudido em eventos como o Festival de Brasília, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e o Guadalajara Film Festival, no México.

Em junho, o filme venceu a competição brasileira do festival In-Edit Brasil. O longa também foi premiado no Uruguai e em Goiás.

A cineasta negocia agora uma adaptação do filme (que rendeu 100 horas de material bruto) para a televisão.

Geógrafa, Ana Rieper começou sua carreira no audiovisual há dez anos, quando trabalhou em um projeto social em Sergipe.

Foi lá que a sua paixão pela música brega nasceu.

LINDOMAR

A participação no filme de Lindomar Castilho, estrela do gênero nos anos 1970 e autor da faixa que batiza o longa, foi alvo de polêmica durante o Festival de Brasília de 2011.

Em 1981, Castilho matou a mulher, Eliane de Grammont, e acabou condenado a 12 anos de prisão pelo crime (foi solto em 1988). Rieper recebeu críticas por não abordar o episódio no documentário.

"O filme não precisava ser mais um algoz para ele. O que houve em Brasília foi apenas uma reação de setores da esquerda", afirmou Rieper. Lindomar só daria entrevista se o episódio não fosse mencionado.

(MATHEUS MAGENTA)

Veja trechos do filme
folha.com/no1122504

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