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Coleção desbrava as emoções de Sousa Tavares

Em 'No Teu Deserto', escritor português constrói mapa da solidão e das rememorações

DE SÃO PAULO

Um jornalista relembra a reveladora travessia pelo deserto do Saara feita no passado com uma moça mais jovem. Os tempos são outros, mas algumas viagens parecem não ter regresso.

É através da paisagem árida, materialização natural da solidão, que o escritor português Miguel Sousa Tavares narra "No Teu Deserto", romance de 2009 e 17º volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas em 29/7.

Com descrições precisas da paisagem e do silêncio do deserto, dos percalços burocráticos e dos desafios dos motoristas em remotas estradas de areia, o livro distancia-se dos títulos anteriores do autor, "Equador" (2003) e "Rio das Flores" (2007).

Por quarenta dias, o narrador e a jovem vencem o interior árduo do continente africano e vivem uma experiência que vai marcá-los por muito tempo.

A dupla parte de Lisboa em um jipe carregado de provisões, bebidas alcoólicas, uma bússola e um mapa militar dos anos 1950.

Os demais integrantes da travessia desbravam o Marrocos, enquanto o casal entra no continente africano pela Argélia, pois o jornalista depende de uma licença expedida pelo governo local.

Enquanto os 40 dias de viagem se passam, no vazio do deserto, dois desconhecidos aprendem a contemplar a solidão e constroem uma relação de cumplicidade. Ambos se perdem no Saara enquanto se aprofundam em seus sentimentos.

O romance, então, se desdobra em um acerto de contas entre o narrador e seu grande amor do passado, de quem ele não guarda muito além das lembranças daquela viagem reveladora.

DESERTOS PARTICULARES

Miguel Sousa Tavares, 62, nasceu no Porto, filho da poeta Sophia de Mello Breyner e do jornalista Francisco de Sousa Tavares. Exerceu a advocacia por 12 anos, mas abdicou definitivamente dessa carreira para se dedicar em exclusivo às palavras.

Foi um dos fundadores da revista portuguesa "Grande Reportagem", nos anos 1980.

Sousa Tavares viajou 13 vezes pelo Saara, tendo vivido por anos na Argélia. Exorcizaria suas descobertas pessoais através da literatura.

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