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Pixar sofre crise criativa que pode marcar o futuro do estúdio

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

Quando a Disney decidiu faturar em cima de "Toy Story 2" (1999), que a Pixar lançaria direto em DVD, a discussão quase pôs um fim na parceria entre os estúdios.

Agora, 13 anos depois, a Pixar faz parte do império Disney, comprada por mais de US$ 7 bilhões (R$ 14 bilhões), em 2006, e produz sequências sem a menor vergonha -além do decente "Toy Story 3" (2010), "Carros 2" saiu ano passado, e "Universidade Monstros" estreia em 2013.

"Valente", que chega aos cinemas brasileiros hoje, tinha a missão de provar que a Pixar, o estúdio de animação mais premiado dos Estados Unidos, não está em crise. Não conseguiu.

A Pixar cedeu às pressões da Disney, que não queria um desenho feminino depois do fracasso de "A Princesa e o Sapo", de 2009, e demitiu a diretora Brenda Chapman, que trabalhava há seis anos no projeto.

Em seu lugar, entraram Mark Andrews, que trabalhou em "Star Wars: Ataque dos Clones", e Steve Purcell, da série infantil "Sam & Max".

Com um mês em cartaz nos EUA, "Valente" rendeu US$ 199 milhões (R$ 400 milhões). Ajustada para a inflação, é a segunda pior bilheteria do estúdio, à frente apenas de "Carros 2".

Os números não seriam ruins se a aventura de Merida fosse de outro estúdio, mas estão aquém da capacidade da empresa em gerar blockbusters.

Em termos criativos, "Valente" também não chega aos altos padrões estabelecidos pela empresa de "Toy Story" e "Wall-E". Ficou com 76% de críticas positivas no site "Rotten Tomatoes", que reúne as críticas dos principais jornais e blogs americanos.

É a terceira animação da Pixar a ficar abaixo dos 90% de críticas positivas -as outras são "Carros" e "Carros 2".

Para se ter uma ideia, "Carros 2" foi o primeiro desenho da Pixar sem nenhuma indicação ao Oscar.

"Podemos dizer que 'Carros 2' foi feito para vender brinquedos. Mas a Pixar ter lançado um filme original criativamente mediano é preocupante", disse o analista Doug Creutz, do Cowen Group, que observa o mercado americano, ao "Deadline".

A encruzilhada se torna mais sombria para a Pixar pela perda de dois de seus maiores diretores para o cinema em "carne e osso".

Brad Bird, de "Os Incríveis", foi dirigir o bom "Missão: Impossível - Protocolo Fantasma", enquanto Andrew Stanton ("Procurando Nemo") arriscou sua reputação no fracassado "John Carter - Entre Dois Mundos".

Bird não deve voltar à animação tão cedo, mas Stanton anunciou que dirigirá "Procurando Nemo 2". Outro projeto são e salvo. Estaria a Pixar a um passo de se tornar mais um na multidão?

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