Espetáculos curtos trazem temas profundos

Peças longas muitas vezes resultam de extensos processos de pesquisa.

Mas espetáculos curtos também podem ir além da superfície, como mostraram recentemente a peça "Isso te Interessa?" (40 minutos), da Companhia Brasileira de Teatro, no Sesc Belenzinho, além das montagens que o Club Noir desenvolve sobre as tragédias de Ésquilo desde junho, sempre em menos de 30 minutos.

"Nós nunca paramos para pensar em quanto tempo nossas peças durariam. Mas queremos saber quanto tempo cabe em um minuto, ou quanto cabe em um instante", diz Roberto Alvim, do Club Noir.

As tragédias de Ésquilo estão em cartaz às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 20h (rua Augusta, 331; tel. 0/xx/11/3257-8129).

"Muitas vezes, depois de meia hora de espetáculo, eu sinto simplesmente que não há mais nada a ser dito. Então por que continuar?", questiona Alvim.

No caso de "Isso te Interessa?", que já saiu de cartaz, expandir a sensação da passagem do tempo também se torna uma questão central.

Sintético, o texto da francesa Noëlle Renaude narra a trajetória de três gerações de uma mesma família. São anos e anos resumidos em menos de uma hora.

Outros exemplos de curta duração têm surgido no farto roteiro teatral da cidade.

"Vida e Obra de um Tipo à Toa" está em cartaz no Espaço dos Parlapatões (praça Franklin Roosevelt, 158; tel. 0/xx/11/3258-4449; às sexta, às 23h59). Já "Maria Miss" é encenada no Teatro Eva Herz (av. Paulista, 2073; tel. 0/xx/11/ 3170-4059; terça e quarta, às 21h). Ambos têm menos de uma hora.

Daniel Alvim, que assina a direção de "Vida e Obra" e atua em "Maria Miss", acha que "o grande público" tem uma "certa resistência" com os espetáculos longos.

"Mas não penso nisso quando vou produzir algo", contorna. Para ele, "qualidade de trabalho independe do tempo de duração".