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Caos na sala escura

"Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" estreia hoje no Brasil em meio a dramas reais

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

"Arte consiste em remodelar a vida, mas ela não cria vida e não causa vida. Portanto, atribuir qualidades sugestivas poderosas a um filme é o equivalente à visão científica que, mesmo em profunda hipnose, as pessoas não conseguem fazer coisas que vão contra a sua natureza."

A frase não é uma tentativa do diretor Christopher Nolan de se esquivar da polêmica que "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" teria inspirado James Holmes à atirar contra uma plateia de cinema, em Aurora, Colorado, sexta-feira (20), matando 12 pessoas. A análise nem é de Nolan. E foi feita há 40 anos.

Ela pertence a Stanley Kubrick (1928-1999). Inundado de acusações de que seu violento "Laranja Mecânica" (1971) havia gerado uma série de crimes na Inglaterra, o cineasta pediu que a Warner -por coincidência, mesmo estúdio de "Batman"- retirasse a cópia dos cinemas e falou sobre o tema com a revista "Sight & Sound", em 1972.

"Eu não aceito que exista conexão [entre longas violentos e atos de violência]."

A discussão é mais antiga. Na década de 1950, a sociedade americana, à beira do surgimento do rock'n'roll, jogou a culpa da rebeldia dos jovens no drama "Sementes de Violência".

"O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é apenas o exemplo mais recente de vários filmes que serviram de bode expiatório para ações externas.

"O cinema substituiu a literatura e agora ganha os olhares de acusação. É um absurdo", afirma o antropólogo Paulo Jorge Ribeiro, professor do departamento de ciências sociais da PUC-Rio.

"A maior milícia do Rio chama-se Liga da Justiça e usa o símbolo do Batman. Não podemos culpar a arte pelas loucuras humanas."

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