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Crítica Biografia

Filme se perde ao tratar luta política como drama romântico

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A eficiência de um filme biográfico depende, basicamente, de dois fatores: um personagem forte e um intérprete capaz de se entregar de corpo e alma. "Além da Liberdade" tem os dois e, mesmo assim, quase nada dá certo.

No aviso que abre o filme lê-se: "Baseado numa história verdadeira". É como se isso bastasse para fazer crer que tudo que vem em seguida diz respeito à verdade.

Ora, mesmo quando baseada em fatos, toda dramatização possui leis próprias para se tornar eficaz, provocar emoções e alcançar pactos subjetivos. Para tanto, sua "verdade" precisa se contaminar por "mentiras".

O problema de "Além da Liberdade" está aquém disso. Narrar a vida da ativista birmanesa Aung San Suu Kyi como um drama romântico pretende solucionar esse princípio, mas faz perder o que a personagem tem de mais valioso: a confiança política.

Retratar a estupidez dos militares como vilões de quadrinhos esvazia o sentido íntimo e público da luta da protagonista, que fica reduzida a uma espécie de flor que resiste às intempéries.

Mesmo que o roteiro siga cada passo da personagem, fornecendo as balizas históricas, falta um elemento vital que o torne distinto de um verbete de enciclopédia.

A direção no piloto automático de Luc Besson confunde ênfase com ostentação e sobrecarrega o material com tantas emoções impostas que o espectador se sente dispensado de sentir, basta obedecer. Nessas circunstâncias, não deixa de ser irônico o título "Além da Liberdade".

ALÉM DA LIBERDADE

DIREÇÃO Luc Besson

PRODUÇÃO França, 2011

ONDE Livraria Cultura e circuito

CLASSIFICAÇÃO 14 anos

AVALIAÇÃO regular

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