Montagens e inéditas homenageiam dramaturgo

Unanimidade para nem mesmo Nelson Rodrigues botar defeito. A totalidade da obra do autor considerado o maior do país será apresentada na mostra "A Gosto de Nelson", em agosto, no Rio, mês em que se comemora o centenário de nascimento do escritor recifense-carioca, morto em 1980.

As peças serão apresentadas em ordem cronológica, nos teatros Glauce Rocha e Dulcina. Serão 14 remontagens e três espetáculos inéditos de companhias e artistas de diversos Estados do país: "Viúva, Porém Honesta", do grupo pernambucano Magiluth; "Valsa nº 6", produção curitibana com direção de Eduardo Bittencourt e interpretação de Leonarda Glück; e "Boca de Ouro", peça do grupo Prole, de São Paulo, dirigido por Flavia Pucci.

A mostra estimula a produção de artistas brasileiros de fora do eixo. Há sete produções do Rio e de São Paulo. O restante vem de fora, sendo a maioria de artistas ainda desconhecidos do público carioca e paulista.

"Tentamos contemplar o Brasil todo e entender como Nelson Rodrigues está sendo montado hoje dentro e fora do eixo", diz Antonio Gilberto, diretor da Funarte, idealizadora da mostra.

São Paulo também homenageia o dramaturgo com "Agosto Cem Nelson", evento organizado pela prefeitura da cidade que apresenta dez visões do universo rodriguiano, em diversos teatros.

Integram a mostra duas estreias, "Valsa nº 6", o único monólogo escrito pelo autor, com direção de Eric Lenate, e "Myrna".

Esta última, que tem encenação de Renato Borghi e Élcio Nogueira Seixas, é composta por crônicas de Nelson publicadas em 1949 no jornal "Diário da Noite" sob o pseudônimo Myrna. A peça retrata um programa em que uma radialista dá conselhos amorosos a suas espectadoras.

Compõe a mostra também o show "Foi Assim... A Música de Lupicínio e a Dramaturgia de Nelson Rodrigues", de Edith Veiga e Paulo César Peréio. O espetáculo, inédito, une aos textos do dramaturgo clássicos de Lupicínio Rodrigues, compositor favorito de Nelson.