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Análise romances O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo. Obra semeia dúvidas férteis sobre a história de um império CARLOS EDUARDO LINS DA SILVAESPECIAL PARA A FOLHA A série que Gore Vidal produziu sob o título de "Narrativas do Império" é um desafio radical e inteligente aos lugares-comuns que marcam as referências à história dos EUA. Ela é composta por sete volumes que cobrem a vida política e social do nascimento da nação até o fim do chamado "século americano", o 20. Infelizmente, não alcançou o período posterior aos atentados de 11 de setembro de 2011 e à crise do "subprime", com suas consequências, quando se vivencia o declínio relativo do "império". Em todos os livros ("Burr", "Lincoln", "1876", "Império", "Hollywood", "Washington, DC" e "A Era Dourada"), sobressaem seu ceticismo e senso crítico agudo -ambos fora da curva de entendimento que os próprios americanos têm de si mesmos. Além de colocar em questão, saudavelmente, as presunções de grandeza e correção política da vida nacional americana, eles trazem ao leitor de qualquer nacionalidade um problema essencial da história: é possível recuperar a verdade do que ocorreu no passado e, caso não seja, como Vidal indicava, como escolher versões da história "mais verdadeiras"? O que se depreende dessa leitura é que Vidal optou por releituras dos fatos que ampliassem ao máximo perguntas sobre o que é estabelecido como oficial, com o objetivo de despertar consciência. Embora não tenha sido um historiador (foi basicamente um autodidata), Vidal fez muita pesquisa para escrever seus romances históricos e se engajou em combates com os profissionais da área em defesa de várias de suas muito controvertidas teses, como a de que o presidente Abraham Lincoln sofria de sífilis. Apesar da disposição para o embate sobre a acuidade de seus relatos históricos (para qualquer tipo de embate, de fato), Vidal provavelmente pouco se importava com ela: o que lhe interessava era desafiar certezas estéreis e semear dúvidas férteis. CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa" e autor de "Correspondente Internacional" Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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