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No calor da hora

Série "The Newsroom", que estreia hoje no Brasil, debate de modo criativo e provocador o telejornalismo dos EUA

Divulgação
Jeff Daniels, como o âncora Will McAvoy, e Emily Mortimer, que faz a produtora-executiva Mackenzie MacHale,discutem em cena de "The Newsroom"
Jeff Daniels, como o âncora Will McAvoy, e Emily Mortimer, que faz a produtora-executiva Mackenzie MacHale,discutem em cena de "The Newsroom"

SÉRGIO DÁVILA
EDITOR-EXECUTIVO

Não, os Estados Unidos não são o melhor país do mundo. Estão em sétimo lugar em taxa de alfabetização, 27º em conhecimento de matemática, 22º em ciência, 49º em expectativa de vida, 178º em mortalidade infantil, terceiro em renda per capita, quarto em força de trabalho e exportações.

Lideram o mundo apenas em três categorias: porcentagem de cidadãos encarcerados, número de adultos que acreditam que anjos são reais e em gastos de defesa -despendem mais que os 26 países seguintes somados, 25 dos quais são seus aliados.

A ideia acima é do personagem Will McAvoy, exposta durante palestra a estudantes de jornalismo. Até ali um âncora anódino, chamado pelos pares de "Jay Leno do jornalismo" por sua capacidade de não desagradar ninguém, ele resolve se despir da mediocridade e começar a fazer telejornalismo para valer.

Assim se inicia a série "The Newsroom" (a Redação, em inglês), que o canal de TV paga HBO passa a exibir aos domingos no Brasil a partir de hoje, às 21h. Criada por Aaron Sorkin, de "The West Wing" e roteirista do longa "A Rede Social", conta os bastidores de um telejornal fictício com notícias de verdade.

No primeiro episódio, fala-se do vazamento de óleo no golfo do México, de abril de 2010. No terceiro, da ameaça de explosão de um carro-bomba na Times Square, em Nova York, no mês seguinte.

As situações reais são pano de fundo para que a qualidade do telejornalismo dos EUA seja discutida de maneira criativa e provocadora. A tese de Sorkin é que, ao buscar audiência a qualquer preço, os programas se tornaram mais superficiais e emburreceram os espectadores.

Num dos episódios, depois de fazer um comentário engraçadinho sobre a política Sarah Palin, McAvoy (Jeff Daniels) pede desculpas no ar. Não apenas pelo erro, mas por anos de desinformação:

"Sou líder numa indústria que errou resultados de eleições [Bush x Gore, 2000], exagerou ameaças terroristas [Guerra do Iraque, 2003], inflou controvérsias e deixou de noticiar mudanças tectônicas em nosso país, do colapso do sistema financeiro [em 2008] a quão fortes nós realmente somos diante dos desafios que temos".

Espere um viés liberal, afinado com as convicções políticas de Sorkin, um democrata declarado. Mas espere também um enredo bem amarrado, com diálogos inteligentes e um elenco excelente, liderado por Jeff Daniels e Emily Mortimer, que interpreta sua produtora-executiva e ex-namorada.

É uma aula de teledramaturgia e uma boa reflexão para quem faz jornalismo ou consome notícia em qualquer mídia ou plataforma.

NA TV
The Newsroom
Estreia da série
QUANDO hoje, às 21h, na HBO
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO ótimo

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