Coleção relembra a poesia do tango de Carlos Gardel

Nas ruas de Buenos Aires, a imagem de Carlos Gardel (1890-1935) está por toda parte: o cantor de voz suave revelou o tango, um dos símbolos da chamada "Era de Ouro argentina" para o mundo. Sua vida e seus versos tornaram-se patrimônio cultural do país vizinho.

Parte de seu romantismo e a força poética de suas canções podem ser relembradas no terceiro volume da Coleção Folha Grandes Vozes, que chega às bancas no próximo domingo, 12/8.

O volume traz algumas de suas maiores canções, como "Mi Buenos Aires Querido", "Mano a Mano" (já gravada por Caetano Veloso) e "Por Una Cabeza" -imortalizada no filme "Perfume de Mulher" (1992).

Na Argentina, o tango começou como música e dança exclusiva para homens, ainda nas últimas décadas do século 19. Mas foi Gardel quem ajudou a levar o ritmo visto como vulgar e marginal às classes sociais mais altas.

O artista cresceu cantando em bares, restaurantes e mercados de Abasto, bairro de imigrantes da capital argentina. Seu local de nascimento é até hoje uma questão controversa: alguns sustentam que ele nasceu no interior do Uruguai, outros dizem que nasceu na França.

O músico trabalhou em casas de espetáculo portenhas, onde aprendeu a cantar óperas e operetas espanholas, as zarzuelas, além de música criolla, um estilo folclórico do interior argentino. Em 1917, rendeu-se ao tango, gravando "Mi Noche Triste".

A partir dos anos 1930, Gardel deu ao ritmo dramático e poético do tango uma escala internacional. Acompanhado pelos melhores violonistas da Argentina à época, ele saiu em uma turnê que percorreu a América do Sul, os Estados Unidos e a Europa.

Sua fama cresceu ainda mais quando começou a atuar no cinema. Gardel formou sua própria companhia de produção e distribuiu diversos filmes pela Paramount Pictures, entre eles, "O Tango na Broadway" (1934) e "El Día que me Quieras" (1935), também o título de uma de suas músicas mais conhecidas.