Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fenômeno popular, Diogo Nogueira faz outro álbum ao vivo

Terceiro registro de show do cantor sai com tiragem inicial de 100 mil cópias, superando Zeca Pagodinho

Gravado em Havana, trabalho traz sambas consagrados de Jorge Ben Jor, Gonzaguinha, Ivan Lins e Martinho

MARCUS PRETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Nas lojas nesta semana, "Ao Vivo em Cuba" é um típico trabalho de entressafra de um cantor: registro de show, repertório ultramanjado, sem inéditas.

Artisticamente, não movimenta nada, não propõe coisa alguma. Mas chama a atenção por um dado mercadológico: demonstra a ascensão de seu intérprete, o sambista carioca Diogo Nogueira, 33, como um dos nomes mais populares de sua nova geração.

Os números confirmam. O trabalho sai com tiragem inicial de 100 mil cópias -40 mil CDs e 60 mil DVDs. Parece migalha se comparado aos rankings dos milionários anos 1990, mas é um fenômeno para nossos tempos de indústria fonográfica caída.

Para se ter uma ideia do que isso significa, "O Quintal do Pagodinho", projeto mais recente de Zeca Pagodinho, cânone do samba e referência de sucesso, chegou às lojas com 50 mil cópias (25 mil CDs, 25 mil DVDs).

"Para ter saído com essa tiragem, é porque a gravadora acredita que a vendagem vai ser o dobro disso", diz Diogo.

Seus shows -no Rio, em São Paulo e em outras praças do país- costumam ter ingressos esgotados em tempo recorde. E, como está registrado nos DVDs, não é raro ver fãs escalando o palco a fim de lhe roubar um beijo ou lhe arrancar um pedaço.

Seu rosto também aparece na TV Brasil todas as semanas, apresentando o "Samba na Gamboa", programa de entrevistas e música que já vai para a quarta temporada.

Além do registro cubano, sua discografia só tem mais três títulos, que, juntos, já bateram 400 mil unidades vendidas, segundo a gravadora.

Estreou em 2007 com "Ao Vivo" -que, como o nome denuncia, já se beneficiava da fórmula rentável do "show gravado". Na ocasião, uma funcionária da EMI comentou, nos bastidores, que a estratégia de lançar Diogo em DVD pretendia tirar proveito do fato de o artista ser "um bonitão de olhos azuis".

"Eu sou bonitão? Sou bonitão! Mas tenho minhas qualidades, tenho minha voz", afirma, assim que o repórter lhe conta essa história.

Ser bonito faz parte do negócio? Ele sabe que sim.

"Hoje de manhã eu já fui à academia, já malhei. A gente procura conciliar [a carreira] com estar com meu filho, andar com minha esposa, dar umas pedaladas, pegar minhas ondas, jogar futebol."

Tem um time, o Trem da Alegria, que o acompanha, de ônibus, nas cidades por onde passa sua turnê. "Ele me pede para, quando vender o show, armar uma pelada no dia anterior com o time da cidade", diz Afonso Carvalho, empresário do cantor.

Também entra em campo uma vez por semana no gramado do famoso Politheama, o time de Chico Buarque.

De Chico, Diogo ganhou um samba inédito, "Sou Eu", gravado em dois de seus CDs.

O primeiro registro foi em "Tô Fazendo a minha Parte" (2009), seu primeiro -e até agora único- álbum de estúdio. O outro, nos respectivos CD e DVD ao vivo.

O disco já estava na fábrica quando Diogo recebeu o telefonema de Chico, oferecendo a canção -uma parceria com Ivan Lins.

Pararam as máquinas, o sambista voltou ao estúdio e gravou a faixa.

Muito sucesso, muito sucesso. Mas e a questão da relevância artística? Tantos discos ao vivo não sucateiam a carreira de um artista?

"O disco de Cuba é um desvio de percurso. O plano era lançar um de inéditas, mas voltamos para o Brasil e nos deparamos com a EMI sendo vendida [para a Universal Music]", diz Carvalho. Acharam melhor esperar.

Junto com o produtor Leandro Sapucahi, Diogo já começou a pesquisa de repertório inédito para o novo trabalho. Dessa vez, eles prometem, gravado em estúdio.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.