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Bienal vive impasse entre vender livros e promover leitura

Para Breno Lerner, da editora Melhoramentos, a indefinição prejudica o evento em ambos os aspectos

"Vale a pena participar. Há um contato direto com leitores. O número de editoras é crescente, diz presidente da CBL

DE SÃO PAULO
DA COLUNISTA DA FOLHA

Questionar o modelo das bienais do livro é mais simples do que apontar soluções.

"Não tenho fórmula mágica", diz Raul Wassermann, que chegou a criar uma comissão para repensar o formato durante suas duas gestões na presidência da CBL, no início da década passada.

"Uma ideia seria desmembrar o evento em feiras menores e com foco específico, como infanto-juvenil."

Para ele, as feiras comerciais são importantes em centros mais distantes do eixo Rio-SP. Ele cita como exemplo a participação bem-sucedida de sua editora, a Summus, na feira de Belém.

"A distribuição lá não é das melhores, então, quando as editoras chegam, o público está ávido para comprar."

Por não ver esse mesmo retorno na Bienal paulista, Wassermann abriu mão de participar desta edição. Diz que, graças a isso, pôde oferecer o catálogo da Summus com 30% de desconto na venda pelo site da editora neste mês.

A prática de descontos pelo site é comum à Cosac Naify, outra editora que optou por ficar de fora do evento.

O editor Luiz Schwarcz diz que a Companhia das Letras participa das bienais "porque não é simples ficar de fora de um evento dessa proporção". Elogia as atividades escolares, mas concorda que é preciso repensar o modelo.

Breno Lerner, superintendente da Melhoramentos, diz que a Bienal vive um impasse entre ser uma feira para venda de livros ou um local para promoção do livro e da leitura. A indefinição prejudicaria ambos os aspectos.

"Vemos como oportunidade de interação com o leitor. Se a meta fosse recuperar o investimento com as vendas, não poderíamos participar."

Ele sugere que a Bienal ofereça mais debates, com dias reservados apenas para a divulgação de autores e obras.

A programação cultural, aliás, tem sido um dos aspectos mais criticados desta edição, em especial pelo atraso nas definições. Ontem, a organização ainda tentava convidar mediadores.

Para Manuel da Costa Pinto, um dos curadores da Bienal de São Paulo de 2010, a feira atrai pessoas que não frequentam livrarias ao longo do resto do ano.

O romancista Cristovão Tezza, convidado desta edição, diz que o "aspecto de agitação não combina com a literatura". "Para um autor desconhecido, o pior lugar para lançar um livro é a Bienal."

O poeta Affonso Romano de Sant'Anna, crítico ao não oferecimento de cachê a escritores convidados, diz que "as pessoas circulam [na bienal] como zumbis, nem compram livros."

Por "problemas no orçamento e dificuldade para captar recursos via Lei Rouanet", a Bienal não ofereceu cachê a mediadores neste ano.

Para Karine Pansa, presidente da CBL, "eles participam por prestígio". Para Wassermann, a falta de cachê prejudica os debates. "Um bom mediador se prepara por semanas. Quem não recebe para isso não fará uma pesquisa aprofundada, tendo outras obrigações."

ORÇAMENTO

Os investimentos previstos para esta edição chegam a quase R$ 32 milhões -os gastos serão destrinchados após o evento.

Na bienal anterior, foram investidos cerca de R$ 30 milhões, sendo R$ 9,1 milhões no "plano de mídia" e R$ 18 milhões em "montagem, decoração e operação dos expositores".(MRA, MM E RC)

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