Bienal recebe o antropólogo Bruno Latour

No início dos anos 1990, o antropólogo francês Bruno Latour proclamou "o fim da objetividade".

Para ele, as leis da ciência tinham sido construídas, em vez de descobertas, e o estudo climático, muitas vezes catastrófico, seria apenas uma das muitas formas de olhar o mundo.

Sempre fiel aos seus conceitos, Latour participa hoje, às 16h, do Salão de Ideias, espaço de discussão literária em que escritores debatem com o público da Bienal do Livro, que acontece até o dia 19/8, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em SP.

O pesquisador se prepara para lançar em setembro, na França, "Enquête sur les Modes d'Existence" (pesquisa sobre as formas de existência, em tradução livre), coletânea de artigos em que discute os modos de coexistência na atualidade, ainda sem previsão de lançamento no Brasil.

Com a publicação, em 1994, do livro "Jamais Fomos Modernos" (Editora 34; R$ 35; 152 págs.), Latour obteve reconhecimento como estudioso da civilização ocidental.

Em sua obra, o antropólogo defende que a civilização euro-americana nunca atingiu o estágio de organização e revisão de valores que os historiadores convencionaram-se a classificar como "modernidade".

"O mundo se tornou mais complexo, nossas preocupações se dividem em mais temas, como a ecologia, mas atingir a modernidade pressupõe um avanço na história e no pensamento, e acho que ainda não demos esse passo", exemplificou Latour, em entrevista à Folha.

Refletindo sobre a relação entre clima, cultura e política, o francês resume: "Não acredito realmente em qualquer das previsões catastróficas sobre o clima, como muitos cientistas têm divulgado insistentemente, mas é essa preocupação ambiental recente que tem nos estimulado a preservar o planeta".