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Impressionismo vive dias de arte pop

Exposição no CCBB recebe 16 mil pessoas em abertura com filas para ver obras de Monet, Degas, Tissot e Manet

Na inauguração da mostra, centro cultural ficou aberto por mais de 24 horas com a chamada 'virada impressionista'

MARCOS DÁVILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Vixi, a fila dobrava a esquina!", diz o ator Anderson Kleber, 21, que desistiu de ver a abertura da exposição "Impressionismo: Paris e a Modernidade", no CCBB, no final de semana passado.

A chamada "virada impressionista", das 15h de sábado até as 22h de domingo, recebeu 16 mil pessoas, segundo a organização.

Após o frisson da abertura, Kleber conseguiu finalmente entrar na exposição na última quarta, dia 8, às 19h, com 20 minutos de espera.

Para acompanhar a popularidade dos modernistas franceses em São Paulo, a reportagem visitou a mostra durante três dias desta semana em horários diferentes.

Na terça, no primeiro dia depois da virada, a fila começou às 8h, duas horas antes do CCBB abrir. Duas parisienses que preferiram se identificar apenas por Isabelle e Catherine chamaram atenção pelo sotaque. Há três anos em São Paulo, elas nunca tinham entrado em fila para exposição.

"Achei legal esse sucesso. Na França é normal esperar duas horas para entrar em um museu", afirma Catherine.

Mais à frente, a professora de arte Dulcinéia Inácio Santa Rosa, 59, aproveitava seu dia de folga. "Essa é a única fila de que eu não reclamo. Acho o máximo os brasileiros se interessarem por arte", diz.

As pessoas se distraem como podem. A companhia de um livro é uma boa dica. Um jovem saca da mochila "Guerra e Paz", de Tolstói, enquanto uma moça lê um Faulkner.

Algumas páginas depois, chegamos até a boca da entrada. O telefone não dá sossego para a funcionária do CCBB. "Tem fila o dia inteiro", explica.

A exposição começa no quarto andar e vai até o subsolo. Cada sala recebe de 20 a 40 pessoas por vez. O limite engrossa a fila, mas proporciona um ambiente agradável para ver as obras.

O estudante Vinicius Di Credico, 19, se interessa pela tela "Dançarinas Subindo uma Escada", de Edgar Degas, e tenta memorizar o nome do pintor. "É só lembrar de pinga: adegas", brinca sua colega Paloma Rasini, 19.

"Não entendo de pintura, mas achei bonito aquela moça do vestido amarelo", diz a escrevente Sonia Regina Machuca, 57, referindo-se a "Noite ou o Baile", de James Tissot.

Também foi o preferido de Thiago Silveira, 16, que estava em um grupo escolar de deficientes auditivos de Pirituba. "Parece foto", conta.

Na quinta, dia 9, o dono de sebo Eddie Tondin, 43, é o primeiro a chegar, às 8h45. "Todo mundo deixa pra última hora, não queria perder essa oportunidade única", diz.

No meio da semana, o movimento já diminuiu bastante e é possível entrar com apenas 20 minutos de espera. Mas o melhor é chegar bem cedo ou depois das 19h.

O CCBB já marcou novas datas para a "virada impressionista". O evento acontecerá nos dias 7 e 8 de setembro e 5 e 6 de outubro. Leve um bom livro para a fila.

NA INTERNET
Veja galeria de fotos da "virada impressionista"
folha.com/no1135106

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