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Osesp encerra giro europeu com sua melhor apresentação

Acústica do Concertgebouw contribuiu para que o concerto tivesse sonoridade mais nítida que os demais

Apesar de atraso causado por problemas em trem, orquestra conseguiu chegar a tempo a Amsterdã

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A AMSTERDÃ

O trem alemão que transportava os músicos da Osesp sofreu uma pane ao entrar, domingo (19), em território holandês, levando à evacuação dos vagões e à espera de uma outra composição que os levasse a Amsterdã.

Um bloqueio da captação de eletricidade de toda a malha férrea seria catastrófico. Na pior das hipóteses, a orquestra perderia a quarta e última récita de sua turnê europeia, no Concertgebouw, o mais prestigioso teatro holandês para música de concerto.

Mas tudo deu certo. O defeito era apenas da composição, não em toda a linha. Com isso, após meia hora de espera na estação ferroviária da pequena Arhem, os 114 músicos e a regente Marin Alsop embarcaram num veículo da ferrovia estatal da Holanda, que, com apenas meia hora de atraso, deixou o grupo em sua cidade de destino.

O trem com problemas era um Inter City, orgulho alemão em tecnologia de alta velocidade. O ICE 128 deixou Frankfurt às 9h27 e deveria chegar à cidade holandesa quatro horas depois.

Os alto-falantes de bordo anunciaram que "por problemas técnicos" a composição não faria seu trecho final e não mais chegaria a Amsterdã, com parada em Utrecht.

Em caso de pane geral de eletricidade, seria preciso improvisar o aluguel de três ônibus para que os músicos chegassem antes das 18h, para a passagem de som que precede o concerto.

ACÚSTICA

O Concertgebouw é tido como uma das melhores acústicas da Europa e abriga uma sinfônica que rivaliza com a Filarmônica de Berlim, no ranking das melhores orquestras do planeta.

A sala foi inaugurada em abril de 1888. Sua temporada de agosto, a preços populares (o ingresso mais caro custa R$ 96 e dá direito a um café ou um copo de vinho), ainda trará maestros como Danielle Gatti, Jukka-Pekka Sarastre e Paavo Jarvi. Marins Janson, titular da orquestra da casa, fará duas récitas até o final do mês.

Ou seja, prestígio para a Osesp e para Marin Alsop, sua regente titular, que interpretaram peças que traziam na bagagem da turnê.

A apresentação incluiu "Abertura Festiva", de Camargo Guarnieri, "Concerto para Violoncelo", de Dvorak, e "Sinfonia nº 4", de Tchaikovsky. Mas o fator acústica tornou o repertório da orquestra de São Paulo mais nítido, mais transparente.

Mesmo sem gravação para rádio ou TV para testemunhar, como no Royal Albert Hall, em Londres, no dia 15, a orquestra fez provavelmente seu melhor trabalho da turnê europeia.

Antonio Meneses, solista em Dvorak, não precisava dar a impressão de disputar a sonoridade com a orquestra, como no dia 16, em Aldeburgh (Inglaterra), quando a sala era uma câmara de ecos que confundia os papéis e dava a impressão de que os trompetes queriam cobrir o violoncelo do solista.

E o Tchaikovsky saiu, no domingo, expressivo, equilibrado, sutil, com um balanço extraordinário de competência para cada um dos naipes mobilizados pelo compositor russo.

O jornalista JOÃO BATISTA NATALI foi hospedado pela Fundação Osesp

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